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Maia aponta "interferência antidemocrática" na sucessão da Câmara e diz que deputados não irão se vender por emendas

11/12/2020 20h24

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), apontou nesta sexta-feira o que considera uma "interferência antidemocrática" do governo na disputa pelo comando da Casa e afirmou que os deputados não irão se vender por emendas ou cargos.

O parlamentar, que trava um cabo-de-guerra com o governo pela sucessão na Casa, avaliou que a movimentação do Executivo pode se reverter em perdas de votos, no futuro, para temas considerados essenciais e alertou que a atuação do Planalto pode terminar judicializada.

"Eles podem transformar o bloco do governo nas agendas econômicas em um bloco de 200 (votos) apenas, e perder todo o resto porque o governo vem interferindo de forma antidemocrática no processo de eleição da Câmara", argumentou, em Fórum Empresarial organizado pelo Lide, onde foi homenageado.

"Porque achar que deputado vai se vender por emenda, só um governo que não respeita a política, que não respeita a democracia, e que fica recebendo no gabinete do secretário de Governo deputados de esquerda, achando que alguém está à venda", acrescentou.

Encarada como o fiel da balança no processo eleitoral para a escolha do próximo presidente da Câmara, a esquerda tem sido cortejada tanto pelo grupo de Maia, que ainda não definiu um nome para postular ao cargo, quanto pelo candidato favorito do governo, o líder do chamado centrão deputado Arthur Lira (PP-AL).

Os partidos desse campo político avaliam cenários e devem se reunir na próxima terça-feira para definir uma posição. Há os mais programáticos, que se opõe a qualquer aliança com um candidato do governo de Jair Bolsonaro, mas há também os pragmáticos, que veem no apoio uma chance de garantir que a chamada agenda de costumes não seja pautada.

"Eu acho que eles falaram muito em modernizar a política, em limpar a política, e eles estão propondo algo que eu tenho certeza que o Parlamento não vai aceitar, que é se colocar à venda por emenda, por cargo", disse, citando que partidos da esquerda já procuraram o Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar o suposto uso do governo de emendas para incentivar a eleição de Lira para o comando da Câmara.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello)