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PIB do Brasil deve crescer mais caso vacinação acelere, avalia agência

Atualmente, a Moody"s atribui rating "Ba2" para o país, com perspectiva estável, abaixo do grau de investimento - Mike Segar
Atualmente, a Moody's atribui rating "Ba2" para o país, com perspectiva estável, abaixo do grau de investimento Imagem: Mike Segar

Gabriel Ponte

Em Brasília

15/06/2021 16h30Atualizada em 15/06/2021 17h14

O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil deve crescer em torno de 4,9% neste ano após a recessão observada em 2020 como resultado da pandemia da covid-19, projetou a agência de classificação de risco Moody's em relatório divulgado hoje.

De acordo com a Moody's, o país ainda tem potencial de crescimento adicional neste ano se o ritmo de vacinação acelerar, o que apoiaria "positivamente uma recuperação do setor de serviços na segunda metade do ano".

"Esperamos que a distribuição contínua das vacinas acelere o retorno para uma atividade mais normal, sustentando taxas de crescimento elevadas na segunda metade do ano", informou a Moody's em seu relatório.

O documento também projeta que, no médio prazo, o crescimento econômico vai se estabilizar em torno de 2,5%, em linha com a estimativa da agência para o crescimento potencial da economia do país.

"No médio prazo, o progresso na agenda de reforma estrutural e a pressão do governo pela privatização e para expandir o investimento do setor privado em projetos de infraestrutura apoiarão um maior crescimento sustentável", disse a agência.

Atualmente, a Moody's atribui rating "Ba2" para o país, com perspectiva estável, abaixo do grau de investimento.

Teto de gastos

A agência também voltou a classificar como "negativa" para o perfil de crédito do país a decisão do governo de excluir gastos adicionais com o enfrentamento da crise da covid-19 do mecanismo do teto de gastos.

No entanto, o forte desempenho de resultados pelo lado da receita, bem como um montante "relativamente moderado" de gastos, fazem com que o impacto sobre o resultado fiscal seja "contido", disse a Moody´s.

"Apesar das exclusões de gastos relacionados à pandemia este ano, esperamos que as autoridades mantenham seu compromisso com a consolidação fiscal de médio prazo. No curto prazo, a capacidade do governo de cumprir o teto será elevada em função da inflação relativamente alta", lembrou a Moody's.

O teto de gastos, criado em 2016, determina que o aumento de gastos federais do ano corrente seja limitado à inflação medida pelo IPCA acumulado em 12 meses até junho do ano anterior. O índice acumulado em 12 meses até maio disparou a 8,06%, de acordo com os mais recentes dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Reformas econômicas

Ao discorrer sobre a tramitação de pautas econômicas, a Moody's afirmou que a aproximação das eleições e os persistentes ruídos políticos podem limitar progressos substanciais nos principais itens da agenda, como as reformas tributária e administrativa.

"No geral, esperamos que o avanço das principais medidas de reforma seja lento neste contexto, ainda mais à medida que o foco começa a mudar para as eleições presidenciais, marcadas para outubro de 2022."

A agência, entretanto, afirmou não projetar uma reversão na política econômica adotada pelo governo ou nas intenções de continuidade da agenda liberal e do estímulo à participação do setor privado em concessões na área de infraestrutura.

A Moody's também ressaltou que, em um ambiente político e econômico "complicado", no meio de uma pandemia, o governo foi capaz de aprovar o projeto de autonomia do BC, uma proposta que garante a continuidade do mecanismo de teto de gastos pelos próximos anos e a medida provisória de privatização da Eletrobras na Câmara dos Deputados.