Varejo no Brasil cresce em maio pelo 2º mês, mas fica abaixo do esperado
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas varejistas no Brasil subiram em maio pelo segundo mês seguido em meio ao afrouxamento de medidas de restrição contra a covid-19 e, embora o resultado tenha ficado abaixo do esperado, o setor permanece acima do patamar pré-pandemia.
O mês de maio registrou avanço de 1,4% nas vendas no varejo em comparação com abril, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O dado mensal informado hoje ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 2,4%, mas o resultado de abril foi revisado com força, para uma alta de 4,9% ante taxa de 1,8% informada antes.
O IBGE destacou que essa revisão se deveu à aplicação do algoritmo de dessazonalização, que busca calibrar os efeitos sazonais.
Com isso, o setor varejista brasileiro está 3,9% acima do patamar pré-pandemia depois do resultado de maio.
Já em relação ao mesmo mês de 2020 as vendas tiveram ganho de 16,0%, contra expectativa de alta de 16,5%.
Segundo os dados, o mês de maio teve alta disseminada entre as atividades pesquisadas, com apenas uma registrando perdas.
A maior variação foi registrada em tecidos, vestuário e calçados, de 16,8%, seguida de combustíveis e lubrificantes (6,9%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (6,7%).
Livros, jornais, revistas e papelaria (1,4%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,3%), hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,0%) e móveis e eletrodomésticos (0,6%) foram as outras atividades que apresentaram aumento das vendas em maio.
"Esses setores vêm de trajetórias diferentes. A atividade de tecidos, vestuário e calçados, que teve a maior variação, já havia crescido 6,2% (em abril), mas ainda está muito abaixo do que estava antes da pandemia", explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, lembrando que houve queda em março.
"Então é uma recuperação, mas em cima de uma base de comparação muito baixa", afirma o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
A única atividade a ter queda no volume de vendas em maio foi a de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, de 1,4%.
"Tanto essa atividade quanto a de hiper e supermercados foram atingidas de forma diferente pelos efeitos da pandemia. Ambas foram consideradas atividades essenciais e não tiveram suas lojas físicas fechadas. Isso dá um caráter distinto em relação aos outros setores", completou Santos.
As vendas do comércio varejista ampliado tiveram crescimento de 3,8% em maio sobre abril, com aumento tanto em veículos, motos, partes e peças (1%) quanto em material de construção (5%), no segundo mês seguido de ganhos.
"Esse aumento foi puxado principalmente pelo setor de veículos, que tem uma base de comparação muito baixa e também não está nos patamares pré-pandemia", disse Santos.
O setor busca engatar com força a recuperação depois dos danos causados pelas medidas de isolamento contra o coronavírus, em um ambiente ainda de inflação alta e desemprego elevado no país. As apostas giram em torno do andamento da vacinação.
(Edição de Maria Pia Palermo)
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