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Agência de risco mantém Brasil sem 'selo de bom pagador' e sinaliza piorar nota

O país segue três degraus abaixo do mínimo para ser considerado grau de investimento, atrás de pares emergentes como México, Chile, Colômbia e Índia - Reinhard Krause
O país segue três degraus abaixo do mínimo para ser considerado grau de investimento, atrás de pares emergentes como México, Chile, Colômbia e Índia Imagem: Reinhard Krause

José de Castro

14/12/2021 15h45

A agência de classificação de risco Fitch Ratings reafirmou a nota de crédito soberano do Brasil em moeda estrangeira em "BB-", com perspectiva negativa, a qual por sua vez reflete riscos negativos à economia, às finanças públicas e à trajetória da dívida. A nota "BB-" significa que o Brasil não tem grau de investimento, uma espécie de selo de bom pagador.

O país segue três degraus abaixo do mínimo para ser considerado grau de investimento ("BBB-"), atrás de pares emergentes como México ("BBB-"), Chile ("A-"), Colômbia ("BB+") e Índia ("BBB-") e no mesmo patamar que África do Sul.

"Incertezas fiscais, elevada inflação e volatilidade do real vão pesar sobre a economia em 2022 e aumentar o risco de uma recessão total, enquanto os custos de empréstimos soberanos mais altos, juntamente com um déficit primário mais elevado, levarão a uma deterioração renovada das finanças públicas em 2022", disse a Fitch em comunicado.

"Riscos de baixa poderiam ser exacerbados por uma corrida eleitoral potencialmente polarizadora em 2022", acrescentou.

A agência pontuou que as perspectivas de consolidação fiscal de médio prazo serão influenciadas pelo resultado das eleições de 2022 e que, embora preveja que o próximo governo respeitará o teto de gastos, mudanças adicionais no teto não podem ser descartadas.

A Fitch avaliou que alterações no teto de gastos e o esforço para alterar as regras dos precatórios parecem ter tido relação com "considerações eleitorais".

"Dado o baixo nível de gastos discricionários e a crescente rigidez orçamentária com a introdução do 'Auxílio Brasil', outras reformas de gastos podem ser necessárias para conter as despesas obrigatórias a fim de cumprir o teto de gastos de maneira sustentada", afirmou a Fitch.

"Os riscos de baixa para as projeções fiscais da Fitch incluem um crescimento econômico mais fraco, custos de empréstimos acima do esperado e aumento imprevisto nos gastos em caso de a pandemia se agravar. Pagamentos de 'precatórios' acima do projetado também podem pesar no resultado", acrescentou.

A Fitch projeta nova deterioração fiscal para 2022, com déficit nominal de quase 8% do Produto Interno Bruto (PIB), após queda estimada para 5,1% em 2021 e disparada para perto de 14% em 2020. A mediana para países com nota de crédito na faixa "BB", caso do Brasil, é de 4%.

Para a atividade econômica, o prognóstico é de crescimento de apenas 0,5% no ano que vem, após expansão estimada de 4,8% para 2021.

Assim como Fitch, S&P ("BB-") e Moody's ("Ba2") também colocam o Brasil na categoria de "grau especulativo".