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Dinamarca muda regra para recebimento de benefícios sociais devido à falta de mão de obra

Governo da primeira-ministra Mette Frederiksen propõe alterar as regras para recebimento de certos benefícios sociais no país - Emmanuele Contini/NurPhoto via Getty Images
Governo da primeira-ministra Mette Frederiksen propõe alterar as regras para recebimento de certos benefícios sociais no país Imagem: Emmanuele Contini/NurPhoto via Getty Images

Fernanda Melo Larsen

Correspondente da RFI em Copenhague

22/09/2021 07h49

A Dinamarca tem atualmente um déficit de mão de obra no mercado de trabalho de 10.500 profissionais, principalmente no setor de serviços. Para tentar resolver o problema, o governo da primeira-ministra Mette Frederiksen propõe alterar as regras para recebimento de certos benefícios sociais no país.

A apresentação do novo plano de crescimento econômico do país deve ser votado e aprovado pelo parlamento dinamarquês antes do recesso de fim de ano, e já entrar em vigor no início do ano que vem. O plano visa integrar 20 mil pessoas que estão fora do mercado de trabalho.

Entre as medidas apresentadas pelo governo está a de introduzir como requisito obrigatório para "mulheres de origem não ocidental" que vivem no país, não dominam o idioma dinamarquês, mas recebem benefícios sociais do governo há mais de três anos, a regra de trabalhar ou contribuir de forma ativa para sociedade dinamarquesa por meio de 37 horas semanais, o que equivale à jornada semanal de trabalho no país.

De acordo com dados do governo dinamarquês, seis em cada 10 mulheres que vieram do Oriente Médio, norte da África e Turquia não participam do mercado de trabalho no país. A primeira-ministra Mette Frederiksen foi categórica ao afirmar que "queremos introduzir uma nova lógica de trabalho em que as pessoas tenham o dever de contribuir e ser úteis e, se não conseguirem encontrar um emprego regular, terão que trabalhar de forma voluntária para receber seus benefícios sociais no fim do mês".

Cortes no seguro-desemprego para jovens recém-formados

A medida gera insatisfação entre os mais jovens. De acordo com a nova proposta, a taxa de compensação financeira para os dinamarqueses que acabaram de sair do ensino superior e que não tem trabalho nos dois primeiros anos deve ser reduzida.

Atualmente, os recém-formados com menos de 30 anos que estão sem emprego recebem mensalmente DKK 13.815 (o equivalente a R$ 11.500) em benefícios de seguro-desemprego. O governo disse que diminuirá esse valor para DKK 9.500 coroas dinamarquesas, algo em torno de R$ 7.500 reais.

Para quem tem mais de 30 anos e filhos dependentes, esse valor deve ser reduzido para DKK 12.000 (R$ 9.900). Ao mesmo tempo, o governo propõe que o período normal do seguro-desemprego dos formandos seja reduzido de dois para um ano.

"Os recém-formados devem contribuir um pouco com a sociedade dinamarquesa, para que muito mais trabalhadores tenham uma cobertura de seguro-desemprego no futuro", afirmou o ministro do Trabalho da Dinamarca, Peter Hummelgaard.

Setores da indústria e serviços precisam de trabalhadores

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisa e Estatística na Dinamarca, a indústria da construção, vem sofrendo uma escassez de mão de obra de 43%, pelo sexto mês consecutivo em 2021. Esse valor é próximo ao mais alto da história das estatísticas que remontam ao ano de 2005.

Para o presidente da Confederação da Indústria Dinamarquesa, Lars Sørensen, as empresas do país estão no meio de uma escassez histórica de mão de obra, e o plano anunciado pelo governo "deve garantir uma recuperação duradoura para o benefício de todos os setores da economia".

A crise também atingiu o setor hoteleiro. Durante uma entrevista a um canal de TV dinamarquês, o diretor de uma rede de hotéis escandinava, Søren Faerber, disse ser "totalmente absurdo não receberem mais hóspedes porque os hotéis não tem funcionários suficientes para trabalhar na limpeza de quartos ou nos restaurantes destes estabelecimentos".