Volatilidade do câmbio preocupa mais que real depreciado, diz Hering

O atual nível do câmbio não é preocupante, mas a volatilidade do real frente à moeda americana prejudica o planejamento das companhias, afirma Fábio Hering, presidente da varejista têxtil Hering, vencedora do prêmio Valor 1000 na categoria Têxtil, Couro e Vestuário.

De acordo com o executivo, a estrutura produtiva da Hering permite que haja uma substituição das importações pela produção no mercado interno, a depender da taxa de câmbio.

"Nossa decisão de importar foi tomada numa época do real mais apreciado. Se esse modelo não for mais vantajoso, poderíamos trocar essa matriz produtiva. Mas é preciso mais previsibilidade do ponto de vista do câmbio", afirmou.

Segundo ele, a previsibilidade em relação às decisões macroeconômicas é um dos pontos-chave para destravar os investimentos no país. Além disso, Hering ressalta que é preciso uma agenda positiva do governo em relação a investimentos em infraestrutura e alívio na carga tributária.

"Todo mundo sabe o que precisa, inclusive o governo. É só realmente botar em prática", ressaltou o presidente da companhia.

Para Hering, o aumento da taxa básica de juros é um "mal necessário". "A Selic mais alta causa impacto no consumo, mas o avanço da inflação é muito mais nocivo do ponto de vista da disposição em gastar do consumidor."