IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Bovespa cai e dólar comercial avança; fala de Tombini centra atenções

18/02/2014 14h16

Um posicionamento mais defensivo dá o tom nos mercados financeiros globais nesta terça-feira, com uma nova safra de dados aquém do esperado nos Estados Unidos e surpresas negativas também na Europa tirando o apetite de investidores por ativos considerados de risco.

No Brasil, o destaque são as declarações do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, em coletiva com a imprensa estrangeira. Embora não tenha feito declarações exatamente novas, Tombini deixou a porta aberta para um aumento nas apostas de desaceleração no ritmo de alta dos juros. Alguns participantes do mercado apostam em acréscimo de apenas 0,25 ponto percentual na Selic na próxima semana especialmente após uma série de dados mais fracos de atividade econômica.

Juros

As declarações de Tombini reforçaram as apostas do mercado em uma desaceleração do ritmo de aperto monetário. Tombini pode até não ter feito declarações tão inovadoras ao mencionar as perspectivas de recuo da inflação no futuro, mas, pelo que deixou de dizer, autorizou as apostas em desaceleração do ciclo de aperto monetário.

Tombini participou da teleconferência em um momento em que o mercado está claramente dividido a respeito de qual será o rumo da política monetária. Por causa de indicadores mais fracos de atividade, especialmente a produção industrial e o IBC-Br de dezembro, ampliou as fichas na ideia de uma desaceleração do ritmo de aperto.

Ele poderia desfazer essa leitura, se quisesse, faltando uma semana para o início da reunião do Copom. Mas ele não o fez. Reiterou que a política monetária está dando resultados, mas reforçou que o BC está fazendo "todo o esforço" para trazer a inflação para baixo o máximo possível. E disse também que todos os instrumentos para conter a volatilidade estão na mesa, "principalmente as reservas" - o que esvazia ainda mais a teoria de que, em um momento de pressão cambial, um choque de juros pode ser adotado.

Assim, o mercado entendeu que Tombini evitou corrigir a rota das expectativas, que caminham há uma semana na direção do 0,25 ponto.

Na BM&F, o DI janeiro/2015 operava a 11,14%, de 11,22% ontem. O DI janeiro/2017 operava a 12,47%, ante 12,58% ontem.

Câmbio

O dólar segue em alta frente ao real nesta terça-feira, oscilando muito perto da linha de R$ 2,40. O mercado doméstico reflete basicamente a maior demanda por dólares em todo o mundo, sobretudo com relação a divisas emergentes, na véspera da divulgação da ata da última reunião de política monetária do Fed.

Em âmbito doméstico, o mercado se debruçou sobre declarações do presidente do BC em entrevista à imprensa internacional. Aumentaram as dúvidas sobre a autoridade monetária manter o ritmo de aperto e subir a Selic em mais 0,50 ponto percentual na próxima semana. Alguns agentes apostam mais em uma elevação de 0,25 ponto e uma minoria considera a possibilidade até mesmo de manutenção da taxa básica em 10,50% ao ano.

As declarações de Tombini não chegaram a ter impacto direto sobre o câmbio, uma vez que ele afirmou que todos os instrumentos estão à mesa para aliviar a volatilidade no câmbio, "particularmente as reservas internacionais". Mas foram suficientes para o mercado não descartar uma mudança na faixa do dólar nos próximos dias.

Pouco depois das 14 horas, o dólar comercial subi a0,12%, para R$ 2,3910. O contrato de março recuava 0,06%, saindo a R$ 2,3975.

Outro ponto de atenção aqui é a discussão sobre o anúncio até quinta-feira da meta do superávit primário para este ano, que trará ainda o montante do Orçamento a ser contingenciado.

O BC fez hoje a rolagem de mais US$ 516,6 milhões em swaps cambiais tradicionais nesta terça-feira, vendendo todos os 10.500 contratos ofertados. A autoridade monetária tornou a vender ainda todos os 4 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados hoje, com a colocação novamente ficando restrita ao vencimento mais longo - 1º de dezembro.

Bolsa

A Bovespa ainda não definiu tendência nesta terça-feira. Depois de uma abertura negativa, acompanhando o clima nas bolsas europeias e pressionada principalmente pelas ações do setor elétrico, chegou a dar sinais de melhora com a abertura das bolsas em Nova York.

Na Europa, o índice ZEW de expectativas da economia da Alemanha veio abaixo do esperado e provocou movimento de realização de lucros das bolsas europeias, um dia após ganhos expressivos dos mercados.

Nos EUA, os investidores voltaram do feriado digerindo o índice Empire State, que teve desaceleração em fevereiro.

No Brasil, as ações do setor elétrico, que foram bastante penalizadas no pregão de ontem, continuam na berlinda, com investidores esperando que o governo sinalize claramente de que forma pretende fechar essa conta. O risco de racionamento e, principalmente, o custo do uso de usinas térmicas preocupam.

Operadores afirmam que os investidores estão preocupados com o custo que as distribuidoras terão de arcar pelo uso das termelétricas para compensar a seca nos reservatórios das hidrelétricas. Para o investidor, ainda não está claro como ? e se ? o governo vai repassar esse custo ao consumidor em pleno ano de eleições.

Segundo o Valor apurou, as contas de luz teriam que subir cerca de 15% neste ano caso o governo decida cobrir apenas metade do rombo no caixa das distribuidoras por causa do uso intensivo das térmicas.

Em entrevista coletiva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo ainda não definiu se o custo com energia será repassado para as tarifas. Ele também não deu pistas sobre quando o governo anunciará a meta de superávit fiscal para este ano, outra notícia amplamente aguardada pelo mercado.

Pouco depois das 14 horas, o Ibovespa recuava 0,32%, para 47.420 pontos. Entre as principais ações do índice, Vale PNA subia 0,52% e Petrobras PN avançava 0,14%.

"O mercado está muito fraco. Há muita incerteza sobre o setor elétrico. E os balanços que saíram hoje, em geral, não agradaram", comenta o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi.

O presidente da Braskem, Carlos Fadigas, disse que a companhia e a Petrobras estão discutindo a prorrogação por um "período adicional de alguns meses" do contrato de fornecimento de nafta que está em vigor, para dar tempo de concluir as renegociações com a estatal. "O contrato em vigor vence no fim de fevereiro. As negociações continuam, mas não há definição até agora", disse o executivo, em encontro com analistas e investidores em São Paulo.

A Braskem consome 10 milhões de toneladas por ano de nafta, que é sua matéria-prima principal. Desse total, 7 milhões de toneladas são fornecidas pela Petrobras. O restante é importado de países como Argélia, Venezuela e Argentina.

O presidente da Telecom Italia, Marco Patuano, assegurou hoje que não há, por enquanto, interesse em vender a TIM Brasil. E destacou ainda que serão investidos R$ 11 bilhões na companhia nos próximos três anos.

Mercados internacionais

Os mercados internacionais operam sem direção única nesta terça-feira, após alguns indicadores mais fracos na Europa e nos Estados Unidos. Mais cedo, um anúncio do Banco do Japão (BoJ) de uma medida adicional de estímulo alavancou a bolsa japonesa.

Nos Estados Unidos, o índice Empire State de atividade industrial na região de Nova York desacelerou.

O índice de confiança das construtoras de residências também caiu nos EUA, passando de 56 em janeiro para 46 em fevereiro, enquanto economistas esperavam manutenção da leitura em 56. Já o fluxo de capital estrangeiro no país ficou negativo em US$ 119,6 bilhões em dezembro, após resultado negativo de US$ 13 bilhões em novembro, segundo o Departamento do Tesouro.

Em Wall Street, o Dow Jones recuava 0,04% e o Nasdaq tinha eelvação de 0,64%. O S&P 500 marcava 0,13% de avanço.