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Dólar fecha em alta após fala de Tombini e em linha com cena externa

18/02/2014 17h51

O dólar comercial encerrou em alta frente ao real pelo segundo dia consecutivo, acompanhando o mercado externo e influenciado pelo discurso do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que deixou aberta a possibilidade de uma desaceleração da alta da taxa básica de juros. A perspectiva de fluxo positivo nos próximos meses, no entanto, limitou uma valorização mais acentuada da moeda americana.

O dólar comercial encerrou em alta de 0,38% a R$ 2,3970. Já o contrato futuro para março avançava 0,14% para R$ 2,403.

Logo após atingir a máxima de R$ 2,4020 durante a manhã, o dólar comercial reduziu a alta no período da tarde, diante da perspectiva de entrada de recursos nos próximos meses. Operadores afirmam que a notícia de que a Vale estaria preparando uma emissão de bônus no exterior, que deve sair até junho, contribuiu para reduzir a pressão de alta da moeda americana.

Pela manhã, o dólar ganhou frente ao real diante do aumento das apostas em uma alta menor da taxa básica de juros após o discurso do presidente do BC, Alexandre Tombini, que deixou aberta a possibilidade de uma desaceleração da taxa básica de juros, durante entrevista coletiva à imprensa estrangeira.

Para os analistas, a possibilidade de uma alta menor da Selic, de 0,25 ponto percentual, pode até favorecer a uma valorização do dólar frente ao real, mas esse movimento vai depender do anúncio da meta fiscal.

No atual patamar do dólar, próximo a R$ 2,40, o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho, não vê muito espaço para uma alta maior da moeda americana. " O dólar deve ficar operando entre R$ 2,38 e R$ 2,45 no curto prazo. A não ser que o anúncio fiscal surpreenda muito e venha abaixo do esperado. Mas, por enquanto, o que vemos é o governo tentando acalmar o mercado."

Para Jayro Rezende, gerente de derivativos cambiais da CGD Investimentos, a desaceleração do ritmo de alta da taxa Selic depende da coordenação da política monetária e fiscal.

O governo deve anunciar até quinta-feira, 20 de fevereiro, a meta de superávit primário e o orçamento da União para 2014. O mercado espera um corte fiscal mais robusto, o que contribuiria para aumentar a credibilidade da política fiscal, que o governo vem tentando recuperar. "Se o fiscal não for uma coisa que o mercado perceber como factível, e não vier um corte de despesas de forma convincente, poderá aumentar a percepção de risco em relação ao Brasil", afirma Rezende.

Hoje o presidente do BC voltou a ressaltar que "todos os instrumentos estão na mesa para manter o mercado cambial funcionando". Tombini lembrou ainda que o Brasil tem flexibilidade cambial e que construiu colchões (como reservas internacionais e compulsórios) que permitem mitigar os efeitos do ajuste de preços relativos sobre o lado real da economia.

O presidente do BC disse que os leilões de swap cambial, que foram mantidos na segundo fase do programa de intervenção no câmbio, estendido para 30 de junho, é a principal ferramenta para dar proteção contra mudança de preços relativos. Ele mencionou que há outras ferramentas, como leilão de linha com compromisso de recompra e que, se necessário, o BC pode ir além nos programas de proteção cambial.

O Banco Central fez hoje a rolagem de mais US$ 516,6 milhões em swaps cambiais tradicionais, vendendo todos os 10.500 contratos ofertados. Com isso, o BC aumentou a US$ 4,7979 bilhões o montante já rolado referente a um lote de US$ 7,378 bilhões com vencimento em 5 de março.

O BC tornou a vender ainda todos os 4 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão , com a colocação novamente ficando restrita ao vencimento mais longo - 1º de dezembro.

No cenário externo, o dólar operava em ligeira alta frente às moedas emergentes com os investidores aguardando a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que sairá amanhã.