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Com crédito mais caro, CNC corta projeção de vendas maiores no varejo

19/02/2014 11h06

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou para baixo a sua projeção de aumento no volume de vendas do comércio varejista em 2014, de 6% para 5%. Há apenas três semanas, a entidade tinha divulgado um viés um pouco mais positivo para o setor, dizendo que as vendas poderiam subir até 6,5%.

Mesmo com a revisão, o desempenho se manteria acima do observado no ano passado, quando o volume de vendas cresceu 4,3% em comparação a 2012, período em que a demanda subiu 8,4% ante 2011, de acordo com apurações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o economista da CNC Bruno Fernandes, a revisão para baixo foi motivada pela expectativa de um crédito mais caro para o consumidor nos próximos meses, que vai conduzir a um cenário menos favorável para tomada de empréstimos.

De acordo com Fernandes, a CNC espera novos aumentos na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10,5%. "Também esperamos que o ritmo de endividamento das famílias continue em patamar elevado, comprometendo parcelas expressivas da renda familiar", disse.

Outro aspecto que contribuiu para a revisão foi a divulgação, na semana passada, do aumento de 4,3% no volume de vendas do varejo em 2013 em relação a 2012 - abaixo da projeção da CNC, de 4,7%. O índice sinalizaria uma demanda menos aquecida do que a projetada inicialmente.

Intenção de consumo

A CNC também divulgou resultado negativo para as perspectivas de consumo no início deste ano. O alto patamar de endividamento das famílias no começo de 2014, aliado ao custo elevado do crédito e ao maior ritmo de gastos sazonais nessa época, levou ao recuo de 0,9% na Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de fevereiro em relação a janeiro.

Ainda segundo a CNC, em comparação com fevereiro do ano passado, o ICF também mostrou saldo negativo, com recuo de 4,2% em fevereiro desse ano.

Dos sete tópicos usados para o cálculo do indicador, cinco apresentaram retração em fevereiro em relação a janeiro deste ano. É o caso de emprego atual (-0,9%); renda atual (-3,3%); compra a prazo (-2,5%); nível de consumo atual (-10,2%); e perspectiva de consumo (-5,2%). Nessa comparação, apenas dois mostraram taxas positivas: perspectiva profissional (1,8%) e momento para duráveis (16,3%).

Em relação a fevereiro do ano passado, no entanto, todos os sete tópicos usados para calcular o índice mostraram retração. A mais expressiva queda foi registrada na intenção de compra para bens duráveis - que mostrou recuo de 12,2%.

As famílias de menor poder aquisitivo foram as que mostraram o recuo mais expressivo na intenção de consumo em fevereiro. O ICF caiu 1,1% entre famílias com ganhos de até dez salários mínimos, em relação a janeiro. Já as com renda acima de dez salários mínimos mostraram aumento de 0,1% no ICF na mesma comparação.

Para a CNC, o menor crescimento real da massa salarial e uma recuperação mais lenta da atividade comprometeram a confiança do consumidor em relação ao emprego e à renda nos próximos meses. Entretanto, na avaliação da entidade, a manutenção da baixa taxa de desemprego pode sustentar o otimismo das famílias nos próximos meses.