Após decisão do Cade, associação de citricultores poderá ser extinta
Proibida por decisão do Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade) de ter direito a voto no novo Conselho dos Produtores de Laranja e das Indústrias de Suco (Consecitrus), a União de Produtores de Citrus (Unicitrus), criada no ano passado, provavelmente deixará de existir.
Formada por produtores em geral de grande porte e eficientes radicados em São Paulo, ainda que inclua também citricultores de menor porte, a entidade nasceu para preencher uma lacuna de representatividade deixada pelas demais associações que representam esses agricultores ? Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) e Sociedade Rural Brasileira (SRB) ?, que costumam ter dificuldades em comprovar quantos deles de fato participam de suas decisões.
Nesse contexto, a Unicitrus atraiu para suas fileiras nos últimos meses dezenas de produtores, responsáveis por cerca de 50% da "produção independente" de laranja em São Paulo e no Triângulo Mineiro, onde as grandes indústrias de suco (Cutrale, Citrosuco e Louis Dreyfus Commodities) se abastecem de matéria-prima. Nessa "produção independente" não está incluído o volume produzido pelas indústrias em seus pomares próprios. Entre os fatores que levaram produtores à Unicitrus estava a possibilidade de participar do Consecitrus com voz ativa, não apenas como observadores.
Segundo Roberto Jank, que vem exercendo a função de presidente interino da Unicitrus por causa de um afastamento do empresário Lair Antonio de Sousa por motivos de saúde, a Unicitrus também conseguiu arrecadar R$ 1,5 milhão de seus associados para custear suas atividades e estudos, mas esses esforços tendem a ir por água abaixo e os recursos, devolvidos. Segundo ele, a intenção dos associados, diante da decisão do Cade, é desfazer a nova entidade.
Ocorre que o Cade definiu na quarta-feira, quando aprovou o Consecitrus, que apenas quatro entidades setoriais "são adequadas" para compor o novo conselho. Considerou a Unicitrus nova para tal, além de ter chamado a atenção para o fato de Lair Antonio de Sousa também ser dono de uma fábrica de suco. Uma argumentação que não convenceu Jank, até porque Sousa poderia perfeitamente bem deixar o cargo caso fosse essa a condição para que a Unicitrus tivesse voto no Consecitrus. Para Jank, a decisão do Cade foi política e privilegiou entidades e líderes setoriais mais conhecidos.
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