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Dólar cai 1,38%, ante perspectiva de melhora na política fiscal

21/02/2014 18h21

Nesta sexta-feira, 21, o dólar marcou o segundo dia de forte queda frente ao real, após o anúncio da meta fiscal ontem pelo governo, encarado como um esforço para recuperar a credibilidade da política fiscal, que provocou um ajuste das posições compradas na moeda americana.

O fluxo positivo de recursos e a redução da aversão a risco no cenário externo também contribuíram para que o real se destacasse hoje entre as divisas com maior valorização entre as moedas emergentes.

O dólar comercial encerrou em queda de 0,84% a R$ 2,3530, encerrando a semana em queda de 1,38%. No mês a moeda cai 2,45% e acumula perda de 0,17% no ano. Já o contrato futuro com vencimento em março recuava 0,75% para R$ 2,358.

Segundo operadores, o fluxo positivo de recursos e o ajuste das apostas dos investidores comprados em dólar, que tiveram que reduzir as suas posições nos últimos dois dias diante da queda de 1,55% da moeda americana, contribuíram para que o real se destacasse positivamente entre as divisas emergentes, que subiram frente ao dólar hoje.

No mercado local, o dólar comercial estendeu a queda após a divulgação dos dados das contas externas, que mostraram que o Brasil atraiu investimentos para renda fixa apesar do "sell-off" de ativos emergentes verificado em janeiro. Os ingressos líquidos para investimento em carteira somaram US$ 2,7 bilhões no mês passado e ajudaram, junto com o Investimento Estrangeiro Direto (IED), a financiar o déficit de US$ 11,591 bilhões, que representam 3,67% do PIB nos últimos 12 meses encerrados em janeiro. Com isso, o balanço de pagamentos ficou positivo em US$ 2,892 bilhões no mês passado.

O aumento do juro tem sido citado por muitos analistas como um dos fatores para a melhora no fluxo cambial desde o início do ano. Só neste mês, por exemplo, o saldo cambial é positivo em US$ 1,008 bilhão até dia 19. Apenas em três dias - entre segunda, 17, e quarta, 19 -, houve entrada de US$ 691 milhões, sendo US$ 410 milhões só pela conta financeira, por onde ingressam os investimentos para renda fixa.

A melhora da perspectiva para política fiscal, ainda que exista dúvida em relação ao financiamento de um possível aumento do custo de energia com o acionamento das usinas térmicas, e o cenário mais favorável para ativos de risco levaram os investidores a reduzirem as posições compradas em dólar na BM&F. Ontem a posição líquida comprada dos investidores estrangeiros em dólar recuou para US$ 25,234 bilhões, menor patamar do ano. O JP Morgan é um dos bancos que admitem ter acionado ordens de "stop loss" (limite de perda) em sua posição vendida em real, quando a moeda americana atingiu o patamar de R$ 2,36.

Mesmo assim, mantém a recomendação de venda para o real no curto prazo, considerando que, apesar do desempenho melhor do real nesta semana, o balanço de riscos indica uma divisa mais depreciada. Já o Barclays está com recomendação de compra para o real no curto prazo, vendo um espaço para o Banco Central reduzir o ritmo de aperto monetário após o anúncio fiscal.

Mantendo o cronograma de intervenções, o BC fez a rolagem de mais 10.500 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão nesta sexta, movimentando o equivalente a US$ 516,8 milhões. A colocação ficou restrita ao vencimento 2 de janeiro de 2015, e a liquidação da venda está marcada para o próximo dia 5. Com isso, o BC elevou a US$ 6,3484 bilhões o montante cuja rolagem já foi concluída, referente ao lote de US$ 7,378 bilhões a vencer em 5 de março.

Além disso, o BC vendeu novamente todos os 4 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão, movimentando o equivalente a US$ 197,5 milhões.