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Dólar opera em baixa e Bovespa resiste a subir

25/02/2014 14h15

Os mercados vivem mais uma rodada de alívio para juros e dólar e de perdas para a Bovespa. A aparente incoerência entre esses movimentos pode ser explicada por questões técnicas dos diferentes segmentos de negócios. Mas deixa clara que, embora haja um alívio nas pressões percebidas sobre os mercados emergentes, ainda é cedo para dizer que há uma recuperação consistente do humor com Brasil.

O dólar operou abaixo de R$ 2,34 nesta manhã, respondendo à perspectiva de fluxo positivo de recursos, que motiva agentes a corrigir posições compradas. Já os juros devolvem parte do prêmio de risco, reagindo também à melhora da visão dos agentes com a condução da política fiscal.

Na Bovespa, entretanto, falta fôlego para compra e o principal índice operava abaixo dos 47 mil pontos. E, hoje, os receios com o ritmo de crescimento da China afeta em cheio blue chips como Vale e algumas siderúrgicas.

Em Wall Street, a queda do índice de confiança do consumidor americano mantinha as bolsas no terreno negativo.

Câmbio

O dólar já saiu da mínima do dia, mas segue em queda frente ao real nesta terça-feira, ainda em torno dos menores patamares em mais de um mês. A desvalorização do dólar em relação a outras divisas, incluindo emergentes, é um dos elementos que servia de pano de fundo para o movimento do lado doméstico.

O real, contudo, mais uma vez destoa de alguns de seus pares, sobretudo o dólar australiano, que recua frente à moeda americana hoje. A fraqueza da divisa é associada principalmente à série de quedas do yuan, que teve hoje a maior baixa ante o dólar em quase dois anos, no sexto dia consecutivo de depreciação.

Profissionais afirmam que a desvalorização da moeda chinesa parece ser estimulada pelo próprio banco central do país, numa tentativa de desarmar posições excessivamente compradas na divisa local e evitar movimentos mais bruscos após uma esperada ampliação da banda de variação do yuan nos próximos meses, do atual intervalo de 1% para 2%.

Para analistas, por ora, o real não deve ser significativamente impacto pelos movimentos na moeda chinesa, embora oscilações mais bruscas como a de hoje, se continuarem, possam gerar algum receio adicional sobre a segunda maior economia do mundo.

"O real tem reagido a fatores muito locais. E nas moedas emergentes de forma geral estamos vendo uma diferenciação ficando mais clara. A queda do yuan não assusta por enquanto, mas precisa ser monitorada", diz o estrategista para mercados emergentes do banco Brown Brothers Harriman em Londres, Ilan Solot.

Perto das 14 horas, o dólar comercial recuava 0,51%, para R$ 2,3350. O contrato de março cedia 0,36%, saindo a R$ 2,3370.

A queda de hoje é a quinta seguida da moeda americana. Nas últimas quatro sessões, o dólar acumulou baixa de 2,09%.

O Banco Central (BC) completou a rolagem do lote de mais de quase US$ 7,4 bilhões em swaps cambiais tradicionais com vencimento em março ao postergar nesta terça-feira a expiração de 11.050 contratos. A operação movimentou o equivalente a US$ 546,2 milhões e será liquidada no próximo dia 5.

O próximo vencimento de swaps está marcado para 1º de abril, de US$ 10,148 bilhões nesses papéis. Esse lote é o maior do BC e responde a 12% da posição total da autoridade monetária junto ao mercado via swaps, que soma US$ 83,202 bilhões.

O BC vendeu ainda todos os 4 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão nesta terça-feira, movimentando o equivalente a US$ 197,4 milhões. A colocação ficou restrita ao vencimento 1º de dezembro e terá liquidação amanhã, quarta-feira, dia 26.

Juros

O mercado de juros chega ao dia da primeira parte da reunião do Copom ainda firme na aposta majoritária de que o juro vai subir 0,25 ponto. Os contratos de curto prazo apontam 80% de chance de o Copom desacelerar o ritmo neste encontro. Na visão de operadores, dificilmente esse placar será revertido até amanhã.

Além dos sinais deixados pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, pesam para essa aposta o alívio do câmbio, a fraqueza da atividade e, recentemente, as indicações por parte do governo de que está comprometido com a meta fiscal de 1,9%, o que pode ser considerado ligeiramente contracionista.

Na decisão de amanhã do Copom, haverá muita atenção ao comunicado e também ao placar. Existe uma chance, na visão de alguns especialistas, de haver votos dissidentes, a favor da manutenção do ritmo atual de alta de juros. Se, de fato, algum dos integrantes defender o 0,5 ponto, o mercado tenderá a apostar na continuidade do ciclo de aperto monetário na reunião de abril. Se houver unanimidade, o sinal ficará por conta do comunicado, dizem. Mas este, dizem, deverá ser o menos "fechado" possível. "Até abril, muita coisa pode acontecer, aqui e no exterior. O comunicado deve manter a porta aberta para qualquer cenário", diz um operador.

Na BM&F, o DI janeiro/2015 tinha taxa de 11,04%. O DI janeiro/2017 cedia de 12,16% para 12,07%.

Bolsa

Mais um dia de perdas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). As ações da Vale estavam entre as maiores perdas do dia, ao lado de outras produtoras de materiais básicos, como a siderúrgica Usiminas e a fabricante de celulose Fibria. No exterior, o clima também é negativo nas principais bolsas internacionais.

Desde ontem pesam sobre o mercado as preocupações com uma possível desaceleração do setor imobiliário na China, depois que o Banco Industrial e Comercial da China parou de conceder empréstimos às incorporadoras do país. As cotações das commodities metálicas estão em baixa. E as ações de mineradoras também registram baixas expressivas na bolsa de Londres.

"A preocupação com o setor de construção da China está tão forte que o mercado praticamente ignorou a informação de que o país vai bater novo recorde na importação de minério de ferro neste ano", comenta o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi. Ele lembra que Vale também está sob efeito da expectativa do balanço do quarto trimestre. "O balanço deve vir muito bom operacionalmente, mas a última linha será afetada pelo reconhecimento de R$ 22 bilhões em impost os no Refis."

Já o setor elétrico segue assombrado pela falta de chuvas no Centro-Sul do país, ressalta Galdi. "Enquanto as águas de março não chegarem para valer, o setor continuará sofrendo com a ameaça de racionamento."

Ao redor de 14 horas, o Ibovespa perdia 1,46%, para 46.703 pontos. Vale PNA recuava 2,89%. Petrobras PN (-2%) e ON (-2,13%) abriram em alta, mas passaram a cair. A estatal divulga após o fechamento seu balanço de 2013, além do plano estratégico para o período de 2014 a 2018. Analistas ouvidos pelo Valor esperam uma queda de 40% no lucro do quarto trimestre, para R$ 4,6 bilhões. Pela manhã, a companhia informou que bateu novo recorde de produção no pré-sal, ultrapassando os 400 mil barris diários.

Mercados internacionais

As principais bolsas internacionais operam em queda ou perto da estabilidade nesta terça-feira, reagindo a dados e a resultados fracos de algumas empresas. Nos Estados Unidos, o índice de confiança do consumidor do Conference Board saiu de 79,4 em janeiro para 78,1, enquanto analistas esperavam uma leitura 80,7. Outro fato importante nos mercados internacionais hoje foi o recuo forte do yuan ante o dólar.

Em Wall Street, o Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 operavam perto da estabilidade

Também hoje, o índice de preços de imóveis residenciais da S&P/Case-Shiller avançou 13,4% em dezembro, na comparação anual.

Na Europa, a Alemanha confirmou hoje o crescimento de 0,4% de seu Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre ante os três meses antecedentes, puxado pelas exportações. Na Itália, o instituto oficial de estatísticas, Istat, informou que a confiança do consumidor do país caiu em fevereiro.

Em Londres, o FTSE 100 recuava 0,51%, o DAX, de Frankfurt, declinava 0,10% e o CAC 40, de Paris, perdia 0,09%.