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Dólar fecha no menor patamar desde 17 de dezembro após PIB e Fed

27/02/2014 17h55

A combinação de notícias positivas no mercado interno e do discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, levou o dólar a renovar a mínima no ano frente ao real. Esse cenário, aliado a um fluxo positivo de recursos, fez com que o real voltasse a ser destaque entre as moedas emergentes com melhor performance hoje. Yellen reforçou em seu depoimento que os Estados Unidos continuarão a reduzir o programa de compra de bônus mensal e que não há pressa para elevar os juros.

O dólar comercial encerrou em queda de 1,19% a R$ 2,3240, menor patamar desde 17 de dezembro. Já o contrato futuro para março recuava 1,19% para R$ 2,323.

O resultado do PIB, que cresceu 0,70% no quarto trimestre, acima das estimativas (0,30%), foi considerado uma boa notícia a despeito de sinais de que há uma desaceleração no consumo e no investimento, e pode contribuir para adiar uma reavaliação do rating soberano brasileiro. Ao mesmo tempo, o Banco Central ontem deixou em aberto a possibilidade de continuação do ciclo de alta de aperto monetário, após elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,75%.

Para Marcelo Salomon, economista do Barclays para América Latina, o BC, ao não fazer muitas alterações no comunicado, sinalizou a possibilidade da continuidade do processo de ajuste da taxa Selic, prevendo mais uma alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

O economista destaca que, apesar de o PIB em 2013 ter ficado acima da expectativa, em 2,3%, a contribuição maior veio das exportações e a demanda mostra sinais de desaceleração, prevendo um crescimento abaixo do registrado no ano passado para este ano, de 1,9%. "Ainda é cedo para verificar que o crescimento mostrou uma retomada. Além disso, o enfraquecimento da atividade na China e a perda do dinamismo dos Estados Unidos no primeiro trimestre devem ter impacto na demanda global", afirma Salomon.

Com a demanda e investimentos mais fracos, destaca Salomon, as importações tendem a cair e ter um efeito positivo para as contas externas, o que reduz a pressão de apreciação do dólar. O banco, no entanto, não alterou a previsão para a taxa de câmbio no fim do ano, que continua em R$ 2,45. "O conjunto de notícias positivas do mercado doméstico divulgadas recentemente contribui para reduzir um pouco o mal-estar relação ao Brasil, mas a credibilidade só é conquistada com a entrega de resultados", diz.

Parte da melhora verificada no mercado doméstico se deve também a um cenário de menor aversão a risco no exterior, diante da diminuição da preocupação com a normalização da política monetária nos Estados Unidos. Lá fora, o Dollar Index, que acompanha o desempenho da divisa americana frente a uma cesta de moedas, recuava 0,13%.

A presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, apresentou hoje um discurso considerado "dovish" pelos analistas ao ser sabatinada no Senado americano, destacando que ainda não é possível saber se os dados econômicos mais fracos divulgados recentemente foram impactados pelo inverno rigoroso nos EUA ou mostram uma desaceleração da atividade. O número de pedidos de auxílio-desemprego subiu para 348 mil na semana passada, acima da expectativa dos analistas que era de 335 mil.

Yellen reforçou que não existe pressa em começar a subir a taxa de juros e que não há intenção de acelerar o processo de redução do balanço da instituição, destacando que ainda vai demorar vários anos para a economia do país se recuperar completamente.

No mercado interno, o BC seguiu com o cronograma do programa de intervenção no câmbio e vendeu hoje todos os quatro mil contratos de swap cambial tradicional ofertados, em operação que funcionou como uma "injeção" de US$ 197,9 milhões no mercado futuro. A colocação ficou concentrada no vencimento mais longo (dezembro), e a venda será liquidada amanhã. Com isso, a posição vendida em dólar do BC junto ao mercado via swaps subiu para US$ 83,603 bilhões.