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Dólar fecha em alta após dados fracos na China

10/03/2014 17h55

O dólar hoje voltou a ganhar força frente às principais divisas emergentes diante de dados mais fracos da China e da tensão em relação à crise na Ucrânia. No mercado local, o movimento de alta da moeda americana foi atenuado pela captação da Petrobras por meio de uma emissão de bônus no exterior. O dólar comercial fechou em alta de 0,21% a R$ 2,3530, maior patamar desde 20 de fevereiro. Já o contrato futuro com vencimento em abril avançava 0,42% para R$ 2,366. A moeda americana subia frente às principais divisas emergentes, principalmente de países atrelados a commodities, após os dados fracos da balança comercial da China divulgados na sexta-feira à noite . A China registrou um déficit comercial de US$ 22,98 bilhões em fevereiro, contrariando previsões de um superávit de US$ 11,90 bilhões. A desaceleração na inflação ao consumidor no mês passado, de 2,5% para 2,0%, bem abaixo da meta oficial de 3,5%, também não foi vista com bons olhos por sinalizar uma perda de fôlego na economia. Não à toa, as divisas de mercados ligados a commodities estão entre as mais atingidas. O dólar subi a 0,54% diante do dólar australiano, 0,24% frente ao rand sul-africano e 0,35% em relação ao peso chileno. Para incentivar uma retomada das exportações e trazer maior competitividade para os produtos chineses, o Banco Central da China conduziu o yuan para seu nível mais baixo ante o dólar, em termos percentuais, em mais de um ano e meio nesta segunda-feira. No mercado interno, a notícia de captação de recursos por parte da Petrobras contribuiu para atenuar o movimento de alta do dólar frente ao real. Segundo matéria publicada no Valor PRO, a Petrobras fechou hoje uma emissão de US$ 8,5 bilhões em bônus no exterior. Os papéis foram emitidos em seis tranches com quatro vencimentos de três, seis, dez e 30 anos. A perspectiva de entrada de novos recursos tem contribuído para segurar a alta da moeda americana no mercado local. Novas captações são aguardadas para as próximas semanas. O banco Daycoval iniciou nesta semana uma série de apresentações a investidores para a emissão de US$ 300 milhões em bônus seniores. O Tesouro Nacional também já informou que pretende realizar uma captação em euros até o fim de março. Outro fator comentado hoje no mercado é a mudança do comunicado no Banco Central sobre a rolagem do lote de US$ 10,178 bilhões com vencimento previsto para 1º de abril. Diferente dos últimos anúncios, o BC não divulgou comunicado informando explicitamente sobre as ro lagens e informou na sexta-feira apenas as condições da oferta desta segunda-feira. Nos últimos quatro anúncios de rolagens (referentes aos contratos vincendos em dezembro, janeiro, fevereiro e março), o BC havia divulgado comunicados contendo a expressão "dando início" ao se referir à postergação dos vencimentos, algo lido pelo mercado como uma intenção do BC de realizar operações que poderiam, de acordo com a demanda dos agentes, resultar na rolagem integral dos referidos lotes. A mudança do comunicado levou alguns agentes a interpretar o fato como uma possibilidade do BC não fazer a rolagem integral dos contratos. A autoridade monetária fez a rolagem de todos os 10 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão nesta segunda-feira, em operação que teve giro financeiro de US$ 492,2 milhões. A liquidação da operação está prevista para 1º de abril. Com a rolagem de hoje, resta o equivalente a US$ 9,656 bilhões em swaps a serem renovados. O gerente de derivativos cambiais da CGD Investimentos, Jayro Rezende, não vê uma mudança de estratégia do BC na rolagem dos contratos de swap. "Se a autoridade monetária tivesse deixado de rolar parte dos contratos ou não tivesse feito o anúncio da rolagem com antecedência poderia indicar uma mudança da política de atuação, mas isso ainda não aconteceu", afirma. Rezende destaca que a rolagem parcial dos contratos poderia aumentar a demanda por hedge no mercado e levar o dólar a um patamar mais alto. "Isso não faz sentido neste momento. Uma rolagem parcial poderia dar mais gás para o dólar e trazer, como consequência, um aumento da inflação que está próxima da margem (da meta de inflação de 6,5%)", diz. Mais cedo, o BC vendeu todos os quatro mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilã o hoje, em operação que funcionou como uma injeção de US$ 197,8 milhões no mercado futuro. A colocação ficou restrita ao vencimento 1º de dezembro, e a liquidação da venda está prevista para amanhã, terça-feira, dia 11. Com esse leilão, a posição vendida em dólar do BC via swaps juntos ao mercado atingiu a marca de US$ 84,403 bilhões.