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Oposição acredita ter votos para aprovar convite a Gabrielli na quarta

21/04/2014 19h20

As lideranças da oposição na Câmara dos Deputados articulam a apresentação, na quarta-feira, de requerimento convidando José Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, a prestar esclarecimentos sobre a operação de compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em pelo menos duas comissões técnicas da Casa: Fiscalização e Controle, e Relações Exteriores e Defesa Nacional.

O líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA), afirmou que a declaração dada por Gabrielli em entrevista ao jornal "Estado de S. Paulo", publicada na edição de domingo, "tensiona" mais a crise em torno do assunto e "descontrói" a articulação governista para tentar evitar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a compra de Pasadena e outras operações da Petrobras.

"A presidente Dilma Rousseff, então presidente do conselho administrativo da Petrobras, disse que aprovou a compra da refinaria de Pasadena, em 2006, porque teria sido mal informada, como se quisesse abdicar de responsabilidade. Mas, na hora em que o Gabrielli diz que ela não pode fugir da responsabilidade dela na operação, isso é muito grave. É como se dissesse que ela não pode transferir a responsabilidade", afirma Imbassahy.

Para o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), Dilma precisa prestar esclarecimentos sobre as "diferentes versões" até agora apresentadas pela compra da refinaria, que causou prejuízo bilionário à empresa. "Quando são apresentadas versões diferentes para um mesmo crime, fica evidente a intenção de desviar a atenção da verdade", afirmou.

Na opinião de Bueno, a declaração de Gabrielli, dizendo que a presidente precisa assumir sua responsabilidade, é "motivo suficiente" para a instalação da CPI.

"Ninguém assume a responsabilidade pela compra de Pasadena. É um jogo de empurra com o governo, diretores e ex-diretores da empresa apresentando versões diferentes a cada momento. Como Dilma fazia parte do conselho da Petrobras à época da concretização do negócio, ela tem de responder com a verdade sobre esses fatos", afirmou Bueno.

Imbassahy acredita na aprovação do requerimento de convite a Gabrielli, porque há deputados da base governista insatisfeitos com a condução desse processo e, além disso, há "um clima na Câmara favorável à investigação".

"O Senado está visivelmente manobrando para postergar as investigações. Essa postura estimula a vontade da Câmara de participar das investigações", disse o líder tucano.

A oposição apresentou dois requerimentos criando uma CPI só para investigar negócios da Petrobras - um propõe uma comissão só de senadores e, outra, uma comissão mista, composta de deputados e senadores.

A base governista revidou, apresentando outros dois requerimentos, ampliando a investigação para incluir o suposto cartel do Metrô de São Paulo e do Distrito Federal e negócios da Petrobras em Suape, no Estado de Pernambuco. Como nos requerimentos da oposição, nesse caso também há um propondo uma CPI do Senado e outro, uma CPI mista.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que também preside o Congresso, deu decisão favorável à CPI ampla. O governo quer ampliar o fato determinado para desviar o foco da investigação. Além disso, atua para postergar a instalação, caso seja inevitável.

A decisão sobre a amplitude da investigação deve ser dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no qual foram protocolados mandados de segurança tanto pela oposição quanto por petistas. A ministra Rosa Weber é a relatora e uma decisão sua é aguardada para os próximos dias.