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Dólar descola de mercado externo e cai diante de fluxo positivo

23/04/2014 17h55

Depois de operar em alta pela manhã, influenciado pelo resultado ainda fraco do PMI industrial da China, o dólar perdeu força frente ao real, fechando o pregão em queda diante do fluxo positivo de recursos.

O dólar comercial chegou a negociar a R$ 2,25 na máxima do dia, mas recuou no período da tarde, encerrando em queda de 0,71% a R$ 2,2260, descolando do movimento de alta da moeda americana no exterior. Já o contrato futuro para maio recuava 0,60% para R$ 2,231.

Analistas afirmam ter verificado fluxo positivo de recursos estrangeiros para a renda fixa local, que teria contribuído para a queda do dólar frente ao real.

Na semana passada, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 2,375 bilhões, resultado de uma entrada líquida de US$ 1,239 bilhão na conta financeira e de um superávit de US$ 1,136 bilhão na conta comercial, segundo dados divulgados hoje pelo Banco Central.

No mês, até o dia 17, o fluxo cambial está positivo em US$ 3,375 bilhões. Destaque para a conta comercial, que voltou a ficar positiva e acumulava superávit de US$ 2,067 bilhões no mês.

Já a conta financeira registrava ingresso líquido de US$ 1,308 bilhão. Boa parte da entrada de recursos financeiros tem sido impulsionada pelas captações das empresas brasileiras no exterior. Só neste mês, foram registradas quatro operações de emissões de bônus lá fora, que somaram US$ 3,150 bilhões. As empresas têm aproveitado para fazer as emissões no primeiro semestre, uma vez que é esperado um período mais volátil a partir de junho com a realização da Copa do Mundo e das eleições no Brasil. No ano, o fluxo cambial no ano está positivo em US$ 5,433 bilhões. "O fluxo está forte desde o início do mês, temos visto entrada tanto para a renda fixa quanto na conta comercial com início da negociação da safra de grãos", afirma Jayro Rezende, gerente de derivativos cambiais da CGD Investimentos.

O fluxo positivo de recursos tem limitado as apostas na alta do dólar. Desde o fim do mês passado, os investidores institucionais, que representam os fundos de investimento e de pensão, zeraram a posição comprada em dólar n BM&F e mantinham um total de US$ 2,667 bilhões em apostas na queda da moeda americana. Já os bancos somavam uma posição líquida vendida em dólar de US$ 27,66 bilhões, enquanto os investidores estrangeiros detinham uma posição comprada na moeda americana de US$ 27,666 bilhões, a maior parte como hegde para as aplicações em renda fixa. Depois de perderem com a queda no dólar no mês passado, os fundos devem exercer pressão para derrubar a cotação da moeda americana para tentar recuperar parte dos prejuízos.

Outro fator que contribui para a pressão de baixa para a moeda americana é a manutenção das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio.

O BC vendeu todos os quatro mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão hoje, movimentando US$ 198 milhões.

A autoridade monetária ainda fez a rolagem de 10 mil contratos de swap cambial que tinham vencimento previsto para 2 de maio. Com isso, o BC já rolou US$ 6 bilhões, restando US$ 2,733 bilhões em contratos de swap a serem rolados.

No atual ritmo de ofertas, sobrariam ainda US$ 732,5 milhões a serem rolados até o fim do mês, o que equivaleria a uma compra de dólares no mercado futuro nesse mesmo montante.

"De certa forma, o mercado está já imaginando que uma parte não será rolada. E, se confirmado esse valor, será menos que os swaps que ?morreram' no vencimento de abril", diz um profissional de uma corretora nacional. No início de abril, o BC não rolou o equivalente a pouco mais de US$ 2,5 bilhões em swaps.

Lá fora, o dia foi de alta do dólar frente às principais moedas emergentes, especialmente em relação ás divisas de países exportadores de commodities, após o dado ainda fraco do PMI industrial da China, divulgado ontem à noite.

O HSBC informou que o Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar de abril da indústria da China subiu para 48,3 pontos, de 48 em março. A leitura manteve-se, porém, abaixo do patamar de 50 pontos que separa contração da expansão.

O dólar subia 0,87% frente ao dólar australiano, 0,63% diante do rand sul-africano e 0,22% em relação ao peso mexicano.

Já o governo da Ucrânia lançou uma nova ofensiva contra separatistas pró-Rússia na região leste do país, aumentando a tensão com o governo russo, que já se arrasta há meses.