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Em dia de Ibope e fluxo externo, Bovespa flerta com os 58 mil pontos

22/07/2014 18h00

A expectativa com a pesquisa Ibope sobre a corrida presidencial, desta vez, não foi o principal motivo para a alta da bolsa brasileira nesta terça-feira. Nem todas as ações do chamado "kit eleições" - Petrobras, bancos, elétricas - fecharam em alta.

Operadores relataram que o insistente fluxo de capital estrangeiro para a Bovespa evitou que o mercado passasse por uma correção hoje, levando o Ibovespa à casa dos 58 mil pontos por alguns momentos. O clima mais ameno nos mercados internacionais também colaborou para o movimento de alta por aqui.

Além disso, os especialistas notaram um aumento de operações específicas, como travas de opções, especialmente envolvendo ações da Petrobras, sinalizando que o mercado está disposto a defender a alta recente e apostar em novos ganhos até o fim do ano. As ações da Petrobras registraram alta modesta, mas responderam por quase um quarto de todo o volume negociado no dia, o que reforça essa percepção.

"Você tem um movimento de queda na taxa dos Treasuries, o que deixa a taxa real de juros em patamar negativo para os estrangeiros. O Brasil aparece nesse cenário como uma das melhores oportunidades para ?cash and carry'", ressalta o gestor da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira. Segundo ele, gestores têm relatado uma migração significativa de recursos da bolsa da Rússia para outros emergentes, especialmente Brasil e Indonésia.

Neste mês, a bolsa russa já acumula perda superior a 9%, enquanto Ibovespa e a bolsa da Indonésia sobem 9% e 5%, respectivamente. O agravamento da crise com a Ucrânia após a queda do jato da Malaysia Airlines e o aumento das sanções por parte dos Estados Unidos e da Europa estão entre os motivos para a fuga de capitais da Rússia.

Segundo dados da BM&FBovespa, o investidor estrangeiro já aplicou R$ 1,5 bilhão na bolsa brasileira apenas em julho - mês normalmente considerado fraco para o mercado por causa das férias de verão no hemisfério norte. Em 2014, o fluxo líquido para ações brasileiras está positivo em R$ 13,7 bilhões. "Com os juros muito baixos nos Estados Unidos e na Europa, há um excesso de liquidez no mundo em busca de retornos melhores", acrescentou outro operador.

O Ibovespa fechou em alta de 0,61%, aos 57.983 pontos, com volume de R$ 6,662 bilhões. Apenas Petrobras PN (0,71%, a R$ 21,05) movimentou R$ 1,301 bilhão, ou 19,5% do total negociado, seguida por Petrobras ON (0,05%, a R$ 19,48), com R$ 340 milhões, ou 5%.

Segundo operadores, os papéis da estatal mostraram grande volatilidade, mas não subiram tanto como em outros pregões, marcados pela especulação eleitoral. "Há muita operação envolvendo trava de opções, já de olho nos próximos vencimentos. O mercado está tentando defender a alta recente e sustentar Petrobras e o Ibovespa nesse nível de preço", comentou uma fonte.

Entre as outras componentes de peso do Ibovespa, Vale PNA (0,95%, a R$ 28,54) foi destaque de alta, enquanto os bancos não definiram tendência: Itaú PN caiu 0,19%, a R$ 35,37; Bradesco PN recuou 0,33%, a R$ 35,18; e Banco do Brasil ON subiu 0,69%, para R$ 29,08. A mineradora avançou na esteira do relatório do Goldman Sachs divulgado ontem, que elevou o preço-alvo para os ADRs (recibos de ações negociados em Nova York) da companhia. Investidores também estão de olho no índice preliminar de atividade industrial (PMI) da China, que deve ser divulgado na noite de quarta-feira.

BR Malls ON (7,46%) liderou os ganhos entre as componentes do Ibovespa, acompanhada de BR Properties ON (6,43%) e Lojas Americanas PN (4,25%). Elétricas também apareceram no topo: Eletropaulo PN (3,62%), Light ON (2,56%), Energias do Brasil ON (2,30%) e Cemig PN (2,04%).

Na outra ponta apareceram MMX ON (-5,51%), Usiminas PNA (-2,16%), Eletrobras ON (-1,58%) e Eletrobras PNB (-0,87%). Os papéis da estatal de energia caminham na contramão do setor após o anúncio de que a empresa obteve um empréstimo de R$ 6,5 bilhões do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.