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Juros curtos caem com inflação, enquanto longos sobem com ata do Fed

20/08/2014 17h51

Os juros futuros se dividiram nesta quarta-feira na BM&F. Enquanto os DIs mais ligados às expectativas para o rumo da Selic trabalharam entre ligeira queda e estabilidade, sob o impacto do IPCA-15 de agosto e o ressurgimento, ainda que tímido, de apostas em corte da Selic, os contratos mais longos avançaram na esteira de um tom um pouco mais duro que o esperado da ata do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos).

O IPCA-15 desacelerou de 0,17% em julho para 0,14% em agosto, abaixo da média de 0,16% apurada pelo Valor Data com 17 consultorias e instituições financeiras. A variação acumulada em 12 meses caiu de 6,51% em julho para 6,49%, voltando a ficar, portanto, abaixo do teto da meta de inflação (6,5%). E o índice de difusão do IPCA-15 ? que mede a quantidade de itens que subiram ? caiu de 6,19% para 58,1% em agosto, segundo cálculos do Valor Data.

A desaceleração da inflação corrente e a fraqueza crônica da atividade podem fazer com que o mercado volte a flertar com a aposta em queda da taxa Selic ainda neste ano, provavelmente após a eleição de outubro. Não fossem os temores de depreciação do real nos próximos meses, a necessidade de alta dos preços administrados e o sinal do BC de que a estratégia atual não "contempla redução do instrumento de política monetária", a tese do afrouxamento já teria mais adeptos. A nova rodada de desmonte de medidas macroprudenciais representa alívio das condições financeiras e podem estimular o crédito. Mas isso depende do desejo dos bancos de emprestar e, sobretudo, da confiança de consumidores e empresários, que anda baixa.

Em encontro de economistas hoje em São Paulo com o diretor de Política Monetária do BC, Carlos Hamilton, sobrou pessimismo com a atividade econômica e dúvidas sobre a inflação e o rumo da Selic. Já há, em todo caso, quem veja uma desaceleração mais acentuada dos preços livres, o que poderia não só tornar desnecessário um novo aperto monetário como levar a uma queda da Selic em 2015. Segundo relato de um economista que participou de um dos encontros com Hamilton, foi possível perceber uma divisão nos prognósticos para a taxa básica: um grupo pequeno que ainda acredita que possa haver alta da Selic; outra ala de tamanho reduzido, "embora crescente", já trabalha com a possibilidade de queda dos juros; a maioria mantém a aposta em Selic estável.

A taxa do DI para janeiro de 2015 ? que abriga as apostas para a taxa básica neste ano ? desceu mais um degrau, passando de 10,81% para 10,79%. O sócio e gestor da Queluz Asset, Luiz Monteiro, chama a atenção para o fato de a taxa do DI estar abaixo do CDI-Cetip, em 10,81%. "É curioso porque mostra que tem gente que voltou a apostar em redução da Selic neste ano. Talvez algum player tenha mudado sua posição", afirma.

No embalo do IPCA-15 de agosto, o DI para janeiro de 2016 ? que abrange as expectativas para o rumo da Selic em 2015 ? desceu para 11,20%, mas acabou fechando na casa de 11,25%, praticamente estável em relação ao fechamento de ontem (11,24%).

O contrato foi puxado pela arbitragem com as taxas longas, que subiram na esteira do tom um pouco mais duro do Federal Reserve, na ata de seu último encontro de política monetária. A percepção de que começa a esquentar o debate sobre o momento da primeira elevação da taxa de juros, hoje entre zero e 0,25%, fez com que os Treasuries soluçassem. A T-note de 10 anos se fixou acima de 2,40%, com máxima de 2,44%. A T-note de 10 anos voltou a atingir 0,48%.

Por aqui, o DI janeiro/2017 foi a 11,40% (ante 11,36%); DI janeiro/2021 a 11,58% (ante 11,53% ontem, após ajustes).