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Juros longos desabam na BM&F com "efeito Marina" e cenário externo

27/08/2014 17h56

Escorados na crença de que, se eleita, a candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, vai priorizar a ortodoxia na política econômica, os investidores promoveram uma repaginação completa dos juros futuros na BM&F nesta quarta-feira. Enquanto os DIs ligados diretamente ao rumo da Selic neste ano subiram um degrau, as taxas mais longas desabaram. Traduzindo: espera-se um aperto monetário e fiscal no início do ano que vem que quebre a crista da inflação e abra espaço para um juro real mais baixo no médio prazo.

A taxa do DI para janeiro de 2016 ? que abrange as apostas o nível da Selic em 2015 ? avançou de 11,26% para 11,30%. Ou seja, crescem as chances de uma alta da taxa básica no ano que vem. Daí para frente, o que se viu foi uma redução dos prêmios de risco que levou a uma inversão da inclinação da curva a termo, cuja principal medida hoje é o diferencial entre as taxas dos contratos para janeiro de 2017 e 2021.

DI janeiro/2017 passou de 11,32% para 11,34%; DI para janeiro de 2021 despencou, 11,38% para 11,29%. A diferença entre os dois contratos passou a ser negativo em 0,03%.

Segundo analistas, trata-se de um sinal claro de que o mercado abraçou de vez a tese de que Marina promoveria uma guinada rumo à ortodoxia, calcada na retomada ? e até no aprofundamento ? do tripé macroeconômico. Além do rearranjo das contas públicas, com o fim da chamada "contabilidade criativa" e do aumento do superávit primário, o governo, depois de conduzir o IPCA para o centro da meta (4,5%), buscaria uma inflação ainda menor no médio prazo. Trata-se de uma receita para diminuir a percepção de risco e reduzir o juro real no médio prazo.

A tese do choque de credibilidade em caso de eleição de Marina Silva sobrevém em um momento de liquidez global farta. A perspectiva é de que o mundo seja engolfado por uma onda "dovish" (inclinada a uma política monetária acomodatícia), em meio à fraqueza da atividade. Além da expectativa de que Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) mantenha uma postura cautelosa na normalização da política monetária, cresce a aposta de que o Banco Central Europeu (BCE) adotará novos estímulos monetários.