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Juros futuros caem na BM&F após tombo do PIB engrossar coro pró-Marina

29/08/2014 18h11

Os investidores aproveitaram o tombo do PIB no segundo trimestre, que sacramentou o quadro de recessão técnica da economia brasileira, para derrubar ainda mais os juros futuros na BM&F. A confirmação de que a atividade vai de mal a pior pode engrossar o coro da oposição ao governo federal e, por tabela, carrear votos para Marina Silva. É na candidata do PSB à Presidência da República que estão depositadas hoje as esperanças do mercado financeiro de tirar o PT do poder.

Sem a eleição presidencial pela frente, a dobradinha formada por recessão e piora das contas públicas, atestada pelo déficit primário de R$ 2,196 bilhões do governo central em julho, provocaria uma alta dos prêmios de risco. Mas o mercado não opera de olho nos dados correntes. Tudo se move em função das expectativas. E cresce a fé de que Marina, se eleita, vai promover um ajuste fiscal rigoroso, manter a política monetária apertada para enquadrar a inflação e acabar com o represamento dos preços administrados.

Trata-se de uma receita amarga, que agravaria a fraqueza da atividade no curto prazo, mas descortinaria um horizonte de retomada do crescimento com juro real mais baixo no médio prazo. A taxa do DI para janeiro de 2017 desceu de 11,26% para 11,23%. O derivativo para janeiro de 2021 caiu de 11,18% para 11,14%. Manteve-se intacta a chamada inclinação negativa da curva.

"Essa dinâmica, que se mantém nos últimos dias, reflete a aposta em uma queda do juro real no médio prazo", afirma Luiz Monteiro, sócio da Queluz Asset.

O PIB caiu 0,6% no segundo trimestre, superando as estimativas, de queda de 0,4%%, segundo a média apurada pelo Valor Data. Com a revisão do resultado do primeiro trimestre, de 0,2% para contração de 0,2%, confirma-se o quadro de recessão técnica.

Entre os contratos ligados diretamente ao rumo da taxa Selic, houve poucas alterações nos níveis das taxas. DI para janeiro de 2016 praticamente não saiu do lugar, passando de 11,23% para 11,24%. Em tese, mantém-se na curva a possibilidade de aperto monetário no ano que vem. Mais líquido do dia, o DI para janeiro de 2015 chegou a escorregar para a mínima de 10,76%, mas se recuperou e fechou a 10,79% (ante 10,78% ontem, após ajustes).