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Retração do PIB reforça aposta em avanço da oposição e dólar cai

29/08/2014 17h56

A retração do PIB no segundo trimestre, que caiu 0,6% em relação aos três primeiros meses do ano colocando o Brasil em recessão técnica, contribuiu para reforçar o pessimismo com o atual governo e aumentar as apostas em uma vitória da oposição na eleição presidencial, levando o dólar a fechar em queda frente ao real. Investidores buscaram se posicionar para a pesquisa Datafolha, que será divulgada hoje, após o fechamento do mercado.

A moeda americana fechou em queda de 0,10% a R$ 2,2386. Com isso, o dólar encerra a semana em queda de 1,80%, acumulando desvalorização de 1,36% no mês, a maior queda para o mês de agosto desde 2006, refletindo a euforia do mercado com o avanço da candidata do PSB, Marina Silva, nas últimas pesquisas eleitorais, que apontam um aumento da vantagem em relação à presidente Dilma Rousseff no segundo turno.

No mercado futuro, o contrato para setembro recuava 0,07%. Já o contrato para outubro recuava 0,24% para R$ 2,258.

O resultado do PIB teve pouco efeito no mercado de câmbio, uma vez que os analistas já esperam uma recessão técnica após o resultado do segundo trimestre.

A queda de 0,6% do PIB no segundo trimestre foi maior que média esperada pelos analistas divulgada pelo Valor Data, que era de um recuo de 0,4%. O desempenho do primeiro trimestre foi revisado para baixo, o que empurrou o país para sua primeira recessão técnica desde o início de 2009, auge da crise financeira internacional.

Segundo Jankiel Santos, economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, a reação do câmbio é moderada porque de alguma forma a recessão técnica já estava "no preço", e o mercado reagiu hoje de acordo com a expectativa para as próximas pesquisas eleitorais, apostando em um enfraquecimento da presidente Dilma Rousseff na corrida eleito ral. "Isso de certa maneira ajudou na queda do dólar hoje, já que dá à oposição mais chances de vitória", diz.

Santos, no entanto, não acredita que o resultado fraco do PIB abra espaço para uma redução dos juros, como também não espera um forte aperto monetário em 2015 . "Os candidatos da oposição têm defendido uma diminuição do peso da política monetária no controle da inflação, dando maior ênfase à redução dos gastos fiscais", afirma.

Hoje a candidata do PSB, Marina Silva, divulgou seu programa de governo, em que voltou a defender a retomada do tripé macroeconômico, destacando ser favorável à manutenção de uma "taxa de câmbio livre, sem intervenções do BC, salvo as ocasionalmente necessárias." Marina também defendeu que é necessário assegurar a independência do BC de forma institucional e acabar com a maquiagem das contas públicas.

Apesar do otimismo do mercado com as propostas para a política econômica da candidata do PSB, que têm um perfil mais ortodoxo e se assemelham mais à agenda macroeconômica do PSDB, o economista-chefe para mercados da Capital Economics, Neil Shearing, ainda não vê a vitória de Marina Silva como uma possibilidade de promover as mudanças necessárias, destacando que ela pode ter dificuldade para aprovar as reformas em um Congresso dividido.

Seguindo o programa de intervenção no câmbio, que foi estendido até 31 de dezembro, o BC vendeu hoje todos os 4 mil contratos de swap cambial , cuja operação somou US$ 197,9 milhões.

Ontem, o BC terminou a rolagem do lote de US$ 10,07 bilhões em contratos de swap cambial que vence em 1º de setembro , deixando vencer US$ 1,070 bilhão.

O mercado espera agora indicações sobre a rolagem do lote de 133.540 contratos de swap cambial que vence em 1º de outubro. O volume equivalente é de US$ 6,677 bilhões.

No exterior, os negócios foram orientados por dados de inflação na zona do euro, que esfriaram apostas de um novo programa de compra de ativos na região já no próximo mês, e por indicadores econômicos positivos nos EUA. A escalada da tensão geopolítica na Ucrânia , com o aumento dos militares russos no país, também contribuiu para o aumento da aversão a risco levando o dólar a subir frente às principais moedas emergentes.

A moeda americana avançava 0,19% em relação ao dólar australiano, 0,43% diante do rand sul-africano e 0,17% em relação à lira turca.