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Em dia de feriado nos EUA, bolsa sobe e juros caem com eleições

01/09/2014 13h56

Os mercados brasileiros operam hoje sem a referência dos Estados Unidos, cujos mercados estão fechados em função do feriado do Dia do Trabalho. Mas o dia não é de marasmo, como era de se esperar.

No Brasil, o clima eleitoral tem efeito sobretudo nos mercados de ações e de juros. Na Bovespa, o mercado opera com volume digno de dias normais e o Ibovespa chegou a ultrapassar os 62 mil pontos. Nos juros, além da aposta em uma troca do atual governo, o enfraquecimento da atividade econômica aqui e no mundo forma um ambiente favorável à queda das taxas.

Bolsa

A entrada de Marina Silva na disputa pela Presidência da República mudou o jogo eleitoral e deu claro fôlego extra à Bovespa. Em dia de feriado nos Estados Unidos, os investidores brasileiros mostram que estão alinhados com a candidata do PSB e compram ações, a despeito das perdas na Europa.

O Ibovespa subia 0,86% às 13h50, para 61.815 pontos. As ações de empresas estatais disparam. Eletrobras ON sobe nada menos que 7,36%, Petrobras PN tem ganho de 4,20%, Petrobras ON sobe 3,88% e Eletrobras PNB avança 3,40%. Além disso, BM&FBovespa, movida pela perspectiva de aumento de volume na bolsa, sobe 4,15%.

Segundo a última pesquisa Datafolha, a presidente Dilma Rousseff (PT) e a ex-ministra Marina Silva (PSB) aparecem numericamente empatadas na simulação de primeiro turno da eleição presidencial, cada uma com 34% das intenções de voto.

No segundo turno, Marina seria eleita presidente da República com dez pontos de vantagem: 50% a 40%. Duas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República produzidas pelo Datafolha e pelo Ibope serão divulg adas na quarta-feira.

Mais cedo, o Ibovespa chegou a bater 62.279 pontos e retornou aos 62 mil pontos, nível só registrado em janeiro do ano passado. Em 14 de janeiro, o Ibovespa fechou em 62.080 pontos. Desde 14 de março, na mínima deste ano (44.966 pontos), o Ibovespa já subiu 38%. No ano, a alta é de 20,6%.

"Essa movimentação do Ibovespa hoje mostra que o mercado está 90% ligado ao cenário eleitoral", diz o analista Raphael Figueredo, da Clear Corretora. Segundo ele, o Ibovespa mostra hoje padrões de negociação dignos de dias em que as bolsas dos Estados Unidos estão funcionando. "Os investidores estão colocando no preço perspectivas de melhoria nas condições econômicas", diz o analista.

Juros

A aposta em uma troca do atual governo e o quadro de atividade econômica fraca aqui e no mundo compõem um ambiente favorável à queda dos juros. O volume de negócios hoje está abaixo do normal, em função do feriado americano do Dia do Trabalho. Mas está longe de ser um dia vazio. Há um giro razoável que sugere que agentes continuam ampliando posições vendidas, movidos em grande parte pelas perspectivas eleitorais e de política monetária no Brasil.

Hoje, a pesquisa Focus já responde à decepção com o resultado do PIB do segundo trimestre. A mediana das projeções para o PIB em 2014 cedeu de 0,70% para 0,52%. E, para 2015, de 1,20% para 1,10%. Ao mesmo tempo, a estimativa para o IPCA no ano segue em 6,27% e, para 2015, sobe de 6,28% para 6,29%.

Na BM&F, DI janeiro/2016 DI janeiro/2017 era negociado a 11,21%, ante 11,20% na sexta-feira; DI janeiro/2021 tinha taxa de 11,02%, de 11,07% na sessão anterior

Câmbio

A ausência do mercado americano e de notícias de peso no plano doméstico tiram o ímpeto do mercado de câmbio brasileiro nesta segunda-feira, que espelha de certa forma a tranquilidade dos negócios no exterior. Investidores evitam grandes mudanças de posicionamento antes da reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), de dados sobre o mercado de trabalho americano e de novos resultados de pesquisas eleitorais no Brasil.

O diretor de câmbio da Pioneer Corretora, João Medeiros, diz que o mercado agora aguarda a consolidação da posição de Marina nas pesquisas e já vislumbra quem poderia formar a equipe econômica da candidata do PSB.

Um dos principais pontos de atenção do mercado é o grau de intervenção que o Banco Central assumiria em um eventual novo governo. Na sexta-feira, Marina defendeu em coletiva de imprensa o câmbio flutuante e a autonomia do Banco Central. Segundo ela, com o "câmbio livre", um BC autônomo e sem as "atitudes erráticas do governo federal", o Brasil poderá "recuperar sua credibilidade". Aécio Neves (PSDB) também tem defendido uma postura menos intervencionista do BC, embora evite falar em autonomia formal da autoridade monetária.

Às 13h50, o dólar comercial tinha variação negativa de 0,04%, a R$ 2,2378. Mais cedo, a cotação foi a R$ 2,2302, menor patamar intradia desde 29 de julho, quando atingiu R$ 2,2250.