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Juros futuros sobem no fim do pregão com declarações de Yellen

17/09/2014 18h22

Depois de uma manhã de oscilações modestas, os juros futuros passaram a exibir uma boa dose de volatilidade na esteira da divulgação da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e das declarações da presidente da instituição, Janet Yellen, durante coletiva de imprensa.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) seguiram claramente as oscilações dos retornos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries). Quando as taxas lá fora aceleravam, os DIs seguiam atrás ? e vice-versa.

Depois de terminar o pregão a 11,38%, DI janeiro/2021 passou a ser negociado a 11,44% (ante 11,41% ontem, após ajustes). DI janeiro/2017, que rodava abaixo de 11,60%, passou para 11,64% (ante 11,60% ontem).

Como esperado, o Fed manteve no comunicado a afirmação de que a taxa de juros ? hoje entre zero e 0,25% ao ano ? permanecerá em níveis baixos por um período considerável após o fim do programa mensal de compra de bônus, programado para outubro.

Contudo, dois integrantes do comitê do Fed, Richard Fisher e Charles Plosser, votaram contra a manutenção da orientação futura de que a política monetária será acomodatícia por um período considerável após o fim do "tapering", dada a melhora da economia americana. Chamou a atenção os mercados o fato de o Fed ter aumentado a projeção da taxa básica de juros no fim de 2015 da faixa entre 1% e 1,25% para um intervalo entre 1,25% e 1,50%.

A reação dos Treasuries ao Fed se deu em três fases bem distintas. Houve um repique logo após a divulgação do comunicado, com a T-note de 10 anos atingindo 2,60%. Esse movimento arrefeceu logo em seguida, sendo acompanhado pelos juros futuros locais, que passaram a trabalhar em queda. Mas as taxas voltaram a subir durante a coletiva da presidente de Yellen, com a T-note de 10 anos batendo em 2,62%.

A presidente do Fed reiterou que a decisão de subir os juros não é mecânica e que depende do comportamento da economia, sobretudo do comportamento do mercado de trabalho e da inflação. Portella, do Modal, nota que as projeções de alta dos juros embutidas nas taxas dos Treasuries ainda estão distante das projeções do Fed, o que abre espaço para uma correção. O Fed, por exemplo, projeta taxa de juros em uma faixa entre 2,75% e 3% em 2016, ao passo que o mercado precifica algo em torno de 2,20%. "O saldo foi que as taxas subiram. A tendência daqui para frente é de dólar mais forte e abertura das taxas de juros. Se os dados americanos não vierem mais fracos que o esperado, as coisas vão piorar e vamos ver um desmonte das operações de carry trade [tomada de recursos em moedas de países com juros baixo para aplicação nos países com juros elevados]", afirma.

Em todo caso, analistas ressaltam que a dinâmica das taxas locais também está muito ligada à corrida presidencial, cujo desenlace pode mexer com as expectativas para o rumo da política econômica local e, por tabela, com os prêmios de risco.

Entre os contratos mais curtos, poucas alterações. DI janeiro/2015 estável, a 10,85%. DI janeiro/2016 a 11,53% (ante 11,50% ontem, após ajustes).