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Bovespa cede mais de 1% e dólar avança na casa de R$ 2,37

19/09/2014 13h52

O alívio com a manutenção da Escócia no Reino Unido teve vida curta e os mercados financeiros globais voltam a concentrar as atenções na política monetária americana nesta sexta-feira, o que garante mais uma rodada de apreciação do dólar e limita as altas nos mercados de ações.

O dólar se aproxima das máximas em quatro anos frente a uma cesta de moedas, impulsionado pela queda do euro, que renovou a mínima em 14 meses ante a divisa americana. O iene cai a uma nova mínima em seis anos ante o dólar, enquanto divisas emergentes como o real também mostram fraqueza.

A moeda brasileira caminha para fechar mais uma semana de perdas, nas mínimas desde março. Além do fator Fed, o mercado é influenciado pela pesquisa Datafolha, que indicou mais uma recuperação da presidente Dilma Rousseff (PT) nas intenções de voto à Presidência da República. A mesma pesquisa do Datafolha pressiona o Ibovespa, que opera em baixa, e os juros futuros, que sobem na BM&F também puxados pelo IPCA-15 de setembro mais alto que o esperado.

Câmbio

O dólar abandonou a já modesta queda frente ao real e passou a subir, superando a marca de R$ 2,38 na máxima e caminhando para fechar num novo pico desde março. O aumento da demanda acompanhou o fortalecimento da divisa americana no exterior, na medida em que os mercados já digeriram o alívio com a manutenção da Escócia no Reino Unido e voltam as atenções para a perspectiva de mudança na política monetária americana.

O presidente do Federal Reserve de Dallas, Richard Fisher, afirmou hoje que gostaria de ver um aumento de juros nos EUA em março do próximo ano e alertou que há sinais de excesso nos mercados. Fisher, junto com Charles Plosser, presidente do Fed da Filadélfia, votou contra a manutenção da expressão "tempo considerável" no documento que acompanhou a decisão de política monetária do Fed na quarta-feira. A expressão refere-se à permanência dos juros em níveis baixos.

Às 13h40, o dólar comercial subia 0,43%, a R$ 2,3752. O dólar para outubro avançava 0,38%, a R$ 2,3820.

No âmbito brasileiro, o Banco Central (BC) fez a rolagem de todos os 6 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão nesta sexta-feira, postergando o vencimento do equivalente a US$ 296,0 milhões em papéis que expirariam no começo de outubro. Mais cedo, o BC vendeu todos os 4 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados, movimentando o equivalente a US$ 198,0 milhões.

O fator eleitoral também ajuda a impulsionar o dólar no Brasil. A sondagem do Datafolha, divulgada na edição desta sexta-feira do jornal "Folha de S. Paulo", mostrou uma ampliação na vantagem de Dilma sobre Marina Silva (PSB) no primeiro turno das eleições, o que desconfigura o empate técnico. Para o segundo turno, a diferença a favor de Marina sobre Dilma caiu para 2 pontos percentuais, a menor desde que o Datafolha incluiu a candidata do PSB nas pesquisas.

Juros

A pesquisa Datafolha e o resultado do IPCA-15, mais salgado do que o esperado, contribuíram para mais uma rodada dos juros futuros. O IPCA-15 de setembro subiu 0,39%, ante 0,14% em agosto. O resultado veio acima do teto das projeções colhidas pelo Valor Data, que iam de 0,29% a 0,37%. Com esse resultado, o indicador passou a acumular uma taxa de 6,62% em 12 meses.

Já a pesquisa Datafolha mostra que a presidente Dilma se fortaleceu mais um pouco na corrida eleitoral, diante do desgaste sofrido por Marina Silva (PSB) e apesar de um esboço de reação de Aécio Neves (PSDB).

No exterior, os juros dos títulos do Tesouro americano passam por uma acomodação, após a forte correção dos últimos dias.

Na BM&F, pouco depois das 13h40, o DI janeiro/2021 subia de 11,55% para 11,60%. Já o DI janeiro/2017 é negociado a 11,83%, de 11,55% ontem.

Bolsa

O Ibovespa marca um novo pregão de perdas nesta sexta-feira, com investidores digerindo a pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial divulgada de madrugada. O mercado também reage à decisão dos escoceses de continuarem fazendo parte do Reino Unido, às declarações do presidente do Fed de Dallas e acompanha a abertura de capital da gigante chinesa de comércio eletrônico Alibaba na bolsa de Nova York.

Fisher defendeu hoje, em entrevista à "Fox Business", que o Fed deveria começar a elevar as taxas de juros do país na primavera do hemisfério norte, ou seja, no segundo trimestre do próximo ano, mais cedo do que muitos investidores esperam atualmente.

Às 13h42, o Ibovespa declinava 1,11%, ficando em 57.725 pontos. Das ações do "kit eleição" - mais sensíveis à possível troca de governo -, Petrobras PN recuava 1,69%, Itaú PN perdia 2,07%, Bradesco PN cedia 1,80%, Banco do Brasil ON declinava 2,82% e Eletrobras ON recuava 3,75%.