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Dólar crava 5ª alta e renova máxima desde fevereiro

23/09/2014 17h37

O dólar cravou sua quinta alta consecutiva frente ao real nesta terça-feira, fechando acima dos R$ 2,40 pela primeira vez desde fevereiro. Uma intensa demanda por parte de grandes empresas locais, a recuperação do dólar no exterior em mais um dia de queda no complexo de commodities e de maior aversão a risco e persistentes especulações no campo eleitoral doméstico ditaram um novo dia de ganhos para a moeda americana.

A alta do dólar hoje elevou as perdas do real neste mês a 7,04%. É o pior desempenho dentre uma lista de 34 divisas pesquisas. No fechamento das operações no mercado de balcão no Brasil, o real também liderava as perdas nesta sessão.

A "inação" do Banco Central foi outro fator que deu tranquilidade para investidores continuarem demandando a moeda americana. Por ora, a autoridade monetária não anunciou nenhum reforço nas intervenções cambiais para conter a disparada do dólar.

Fica cada vez mais claro que o rompimento da marca psicológica de R$ 2,40 por si só não é suficiente para que o BC intervenha com mais força. Se a alta for gradual, a avaliação é que o BC manterá até pelo menos o fim deste mês a oferta de 6 mil contratos de swap em operações de rolagem. Uma eventual intensificação das rolagens seria mais provável caso o dólar entre numa espiral de alta desenfreada e completamente desalinhada com o movimento externo. Até o momento, no entanto, isso ainda não se configurou.

Fato é que já há investidores prevendo o dólar a pelo menos R$ 2,45 no fim deste mês. Tal expectativa foi evidenciada hoje pela movimentação no mercado de opções de compra de dólar na BM&F. O contrato com preço de exercício em R$ 2,4500 foi o segundo mais negociado dentre os ativos com vencimento no início de outubro. Na prática, isso sugere que os investidores que tomam essa opção acreditam poder lucrar comprando a moeda americana a R$ 2,4500 no fim do mês, já que, para eles, o dólar estará acima desse nível ao fim de setembro.

Especulações do lado eleitoral continuaram mexendo com o humor de operadores nesta terça-feira. Há crescentes dúvidas sobre a capacidade da oposição de derrotar a presidente Dilma Rousseff (PT) nas eleições de outubro. Esse receio foi endossado hoje pelos resultados da pesquisa MDA encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que mostrou Dilma à frente de Marina Silva (PSB) no segundo turno pela primeira vez desde que a candidata do PSB foi incluída n as sondagens, em agosto.

"O mercado está à espera da pesquisa do Ibope. Não duvido nada que ela também mostre Dilma à frente de Marina no segundo turno", diz o diretor de gestão de recursos da Ativa Corretora, Arnaldo Curvello. O profissional afirma que, até pouco tempo, o mercado trabalhava com uma chance de 60% de vitória de Marina Silva, probabilidade essa que teria caído para 50% agora. "E se cair mais? O mercado vai ajustar ainda mais. Essa alta do dólar não é por acaso. É uma questão de confiança", afirma.

Além do Ibope, os investidores aguardam resultados das pesquisas Vox Populi. Na pesquisa MDA divulgada nesta manhã, Dilma aparece com 42% nas intenções de voto, 1 ponto percentual à frente de Marina. O empate técnico, contudo, persiste.

No fechamento, o dólar comercial subiu 0,61%, a R$ 2,4081. É o maior patamar desde 12 de fevereiro, quando a moeda terminou em R$ 2,4220. Na máxima de hoje, a moeda foi a R$ 2,4146, maior patamar intradia desde 13 de fevereiro (R$ 2,4360).

No mercado futuro, em que os negócios vão até as 18h, o dólar para outubro avançava 0,44%, a R$ 2,4150, depois de alcançar R$ 2,4195.

No exterior, o dólar se apreciava 0,27% ante a moeda da Austrália, 0,30% contra o dólar canadense e 0,52% frente ao dólar da Nova Zelândia. A divisa americana ganhava ainda 0,18% em relação ao peso mexicano e praticamente zerou as perdas contra a lira turca e o rand sul-africano.