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Dólar sobe com incerteza eleitoral e atinge maior nível desde a crise

01/10/2014 17h47

O avanço da presidente Dilma Rousseff nas últimas pesquisas eleitorais e o pessimismo dos investidores com a atual política econômica do governo levaram o dólar a renovar a máxima no ano, encerrando hoje com valorização de 1,48% a R$ 2,4839, maior patamar desde 8 de dezembro de 2008, quando a moeda americana atingiu R$ 2,5010 em plena crise financeira mundial.

A moeda americana também bateu o recorde no pregão intradia, chegando a negociar a R$ 2,4891 na máxima do dia, maior patamar desde 10 de dezembro de 2008, quando a moeda americana atingiu R$ 2,5130. Já o dólar futuro para novembro avançava 1,75% para R$ 2,504.

O real lidera a perda entre as moedas emergentes frente ao dólar, acumulando queda de 9,66% nos últimos 30 dias. Os investidores repercutem as últimas pesquisas eleitorais, que mostraram um crescimento da presidente Dilma Rousseff (PT) na corrida eleitoral, abrindo vantagem em relação à candidata Marina Silva (PSB) no segundo turno. Ontem, a pesquisa Ibope mostrou a presidente Dilma Rousseff com 42% das intenções de votos contra 38% da candidata do PSB, no limite da margem de erro. A pesquisa ainda apontou para uma disputa mais acirrada pelo segundo lugar entre Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno, com 25% e 19% das intenções de voto respectivamente. Há leituras de que o embate mais forte entre Marina e Aécio pode, no fim das contas, beneficiar Dilma, que dessa forma teria mais chances de sustentar uma vantagem razoável sobre seus concorrentes.

Desde a divulgação da pesquisa Datafolha, na noite do dia 26 de setembro que apontou um recuo da candidata Marina Silva na corrida eleitoral, os investidores têm buscado se reposicionar no mercado, passando a adotar uma posição mais defensiva, diante da proximidade da eleição para Presidência da República no próximo domingo, o que elevou a de manda por dólar no mercado local. "Temos visto grandes fundos estrangeiros comprando dólar, diante da incerteza do cenário eleitoral", afirma Italo Abucater, especialista em câmbio da corretora Icap.

Apesar da alta de 10,67% da moeda americana nos últimos 30 dias, os analistas acreditam que ainda há espaço para uma correção para cima do dólar até o segundo turno para a eleição presidencial, que deve ocorrer em 26 de outubro, se for confirmado o favoritismo da presidente Dilma Rousseff na corrida eleitoral. "O dólar agora está em n ovo patamar, em que o piso passou a ser de R$ 2,40, e deveremos ver um ajuste na taxa de câmbio independente de quem ganhar a eleição", afirma Abucater, da Icap.

A alta das taxas dos contratos de cupom cambial também indica uma saída maior de recursos e maior demanda pela moeda americana. O FRA de cupom cambial com vencimento em janeiro de 2015, o mais líquido hoje, negociava a 1,37%, maior taxa desde 7 de abril deste ano.

Segundo Abucater, apesar do fluxo cambial estar positivo, tendo registrado entrada líquida de US$ 131 milhões na semana passada, acumulando ingresso de US$ 3,561 bilhões em setembro até o dia 26, o Banco Central deveria voltar a ofertar linha de dólar com compromisso de recompra para aliviar o caixa dos bancos e dar saída para os investidores que estão demandando moeda física.

A disparada do dólar hoje levou a um movimento de stop loss (ordens de limite de perda), principalmente de fundos de investimento locais que estavam com posição vendida na moeda americana. Por enquanto, o BC não anunciou nenhuma medida adicional para conter a alta da moeda americana fora os leilões de rolagem e da ração diária.

O mercado aguarda o posicionamento do BC, que no mês passado apenas reforçou as rolagens de swaps cambiais a despeito da disparada de 9,34% do dólar em setembro. "O dólar vai continuar subindo enquanto o mercado achar que o BC vai deixar subir", afirma o operador de câmbio de um banco estrangeiro, que vê a possibilidade de uma intervenção do BC se a moeda americana ultrapassar rapidamente o patamar de R$ 2,50.

O BC fez hoje a rolagem de todos os 8 mil contratos de swap cambial ofertados em leilão, que tinham vencimento previsto para o início de novembro, cuja operação somou US$ 393,9 milhões. O BC decidiu iniciar as rolagens um mês antes do vencimento dos contratos. Mantida essa oferta, o BC deve fazer a rolagem praticamente integral dos US$ 8,84 bilhões em swaps que vencem em novembro.

A autoridade monetária ainda vendeu mais 4 mil contratos de swap cambial dentro do programa de intervenção, cuja operação somou US$ 197 milhões.

Lá fora, a moeda americana operava em ligeira alta frente às principais divisas, depois de dados positivos do mercado de trabalho nos Estados Unidos. Foram criadas 213 mil vagas de trabalho no setor privado em setembro, acima da expectativa do mercado que esperava a geração de 209 mil postos de trabalho nos EUA. O Dollar Index , que acompanha o desempenho da moeda americana frente a uma cesta com as principais moedas, subia 0,03%.