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Dólar fecha em alta em dia volátil diante de rumores eleitorais

02/10/2014 17h42

Especulações sobre os resultados das próximas pesquisas eleitorais voltaram a influenciar os preços hoje no mercado de câmbio. Depois de recuar para a mínima de R$ 2,4696 no período da tarde com rumores sobre as sondagens do Datafolha e Ibope aguardadas para hoje após o fechamento dos mercados, o dólar ganhou força e acabou fechando em alta frente ao real.

O dólar comercial subiu 0,29%, encerrando a R$ 2,4912, descolando do movimento de queda no exterior. Já o contrato futuro para novembro avançava 0,36% para R$ 2,511.

A moeda americana chegou a cair frente ao real com rumores sobre o crescimento do candidato tucano Aécio Neves (PSDB), visto pelos investidores com perfil mais pró-mercado, na corrida eleitoral, mas esse movimento não se sustentou e a moeda americana fechou em alta pelo segundo dia consecutivo, renovando a máxima do ano, que está no maior patamar desde 8 de dezembro de 2008, quando o dólar alcançou R$ 2,5010 em plena crise financeira mundial.

As últimas pesquisas eleitorais têm apontado para uma queda das intenções de voto da candidata Marina Silva (PSB) e uma disputa mais acirrada pelo segundo lugar no primeiro turno, o que pode favorecer a presidente Dilma Rousseff (PT). Na dúvida, os investidores decidem tomar dólares diante do receio de que as sondagens apontem para uma chance maior de reeleição do atual governo, cuja política econômica tem sido criticada pelo mercado.

Segundo analistas, o movimento de volatilidade é puxado principalmente pelos investidores locais. " Os investidores estrangeiros têm adotado uma postura mais cautelosa, preferindo manter uma posição neutra em relação as aplicações no Brasil até que o cenário eleitoral esteja melhor definido", afirma Daniel Cunha, estrategista da XP Investimentos em Nova York, destacando que neste momento os estrangeiros estão mais preocupados com a deterioração dos fundamentos da economia brasileira, principalmente na área fiscal.

Para a consultoria Capital Economics seja quem for que ganhe a eleição para a Presidência da República enfrentará dificuldade para implementar as reformas necessárias, embora destaque que o candidato tucano Aécio Neves (PSDB) teria mais força política para avançar nas mudanças necessárias que a candidata Marina Silva (PSB). "Se ele conseguir entrar no segundo turno, poderia concorrer como a opção ?qualquer um menos Dilma", afirma Neil Shearing, economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics.

Segundo Cunha, da XP, apesar do câmbio estar mais próximo da taxa real de equilíbrio, ainda há espaço para se depreciar caso se confirme o favoritismo da presidente Dilma Rousseff no segundo turno.

Mesmo com o aumento da volatilidade no câmbio nos últimos 30 dias, o Banco Central ainda não anunci ou nenhuma medida adicional para conter a alta da moeda americana fora os leilões de rolagem e da ração diária.

Hoje a autoridade monetária rolou mais 8 mil contratos de swap cambial , cuja operação somou US$ 393,3 milhões. Se mantiver o mesmo ritmo, o BC deve renovar integralmente o lote de US$ 8,84 bilhões que vence em 3 de novembro.

O BC ainda vendeu 4 mil contratos de swap cambial hoje dentro do programa de intervenção, cuja operação totalizou US$ 197,1 milhões.

A possibilidade do dólar romper a barreira técnica de R$ 2,50 nos próximos dias deixa o mercado em alerta para uma ação adicional do BC para conter a valorização da divisa americana. Ainda assim, está longe um consenso s obre se o BC deve atuar ou não no câmbio.

Lá fora, o dólar caiu frente às principais divisas após números mistos da economia dos Estados Unidos e a divulgação do PMI industrial da China em linha com o esperado pelo mercado. O Dollar Index, que acompanha o desempenho da moeda americana frente a uma cesta com as principais divisas, recuava 0,30%.