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Dólar fecha em queda no último pregão antes da eleição

03/10/2014 17h42

A volatilidade marcou o último pregão no mercado de câmbio brasileiro antes do primeiro turno das e leições. Depois de ter superado a barreira de R$ 2,50, com dados melhores que o esperado do mercado de trabalho nos Estados Unidos, o dólar recuou e fechou em queda frente ao real com o crescimento das apostas de que haverá segundo turno para a eleição presidencial.

O dólar comercial caiu 1,19%, encerrando a R$ 2,4616. Com isso, a moeda americana acumula alta de 1,96% na semana e de 0,57% no mês. Já o contrato futuro com vencimento para novembro recuava 1,31% para R$ 2,483.

A moeda americana chegou a ultrapassar o patamar de R$ 2,50, negociando a R$ 2,5074 na máxima do dia, após o relatório de emprego nos Estados Unidos ter apontando uma queda na taxa de desemprego no mercado de trabalho americano em setembro de 6,1% para 5,9%. No mês passado, foram criados 248 mil vagas, acima da previsão dos analistas que esperavam a abertura de 215 mil postos de trabalho.

No entanto, o crescimento da percepção de que haverá segundo turno para a eleição presidencial fortaleceu as apostas de uma vitória de um candidato da oposição com perfil mais pró-mercado e levou a uma queda do dólar, com os investidores aproveitando para realizar parte dos lucros após a alta de 1,96% da moeda americana na semana.

As últimas pesquisas eleitorais mostraram uma disputa mais acirrada pela segunda vaga para o segundo turno na eleição presidencial, com o candidato Aécio Neves (PSDB) e a candidata do PSB, Marina Silva, aparecendo tecnicamente empatados no primeiro turno.

A pesquisa IstoÉ/Sensus, divulgada nesta sexta-feira, mostra a presidente Dilma Rousseff na liderança da corrida presidencial com 37,3% das intenções de voto no primeiro turno, seguida por Marina Silva com 22,5% e Aécio Neves com 20,6%. Na simulação para segundo turno, Dilma aparece com 44% das intenções de voto contra 37,6% de Marina Silva. Na sondagem com o candidato do PSDB, Dilma tem 45,8% das intenções de voto contra 36,9% do candidato tucano.

As pesquisas eleitorais do Ibope e Datafolha, divulgadas ontem, confirmaram uma ligeira queda da ca ndidata do PSB, Marina Silva, que recuou de 25% para 24% no primeiro turno, segundo o Ibope, reduzindo a vantagem em relação ao candidato tucano.

Os investidores ainda reagem hoje à notícia da delação premiada do doleiro Alberto Yousseff, que pode trazer novas revelações que beneficiem a oposição. Segundo analistas, a reação do mercado daqui para frente será determinada muito mais pela diferença de votos entre os candidatos que irão para o segundo turno que pelo nome da oposição que disputará a eleição com a presidente Dilma. "A margem de vantagem da Dilma nas simulações de segundo turno tem se estreitado para ambos os candidatos. Se a presidente Dilma ficar com uma diferença menor para o segundo colocado do que tem apontado as pesquisas, cresce a chance de uma vitória da oposição e poderemos ver maior otimismo na segunda-feira com dólar caindo e bolsa subindo", afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho Brasil.

Nesse cenário a consultoria Tendências prevê um câmbio de R$ 2,58 para o fim do ano em caso de reeleição da presidente Dilma Rousseff , tendo um pico a R$ 2,60 até o resultado no segundo turno. Já no caso de uma vitória da oposição, a consultoria prevê um câmbio a R$ 2,32 com a eleição de Marina Silva e de R$ 2,27 se Aécio Neves for eleito.

Apesar da alta de 10,1% do dólar nos últimos 30 dias, o Banco Central não anunciou, por enquanto, nenhuma ação extraordinária mantendo os leilões de rolagem e do programa de intervenção diária no mercado de câmbio.

Hoje a autoridade monetária rolou mais 8 mil contratos de swap cambial que venceriam no início de n ovembro, cuja operação somou US$ 393,8 milhões . Se mantiver o mesmo ritmo, o BC deverá realizar a rolagem integral do lote de US$ 8,84 bilhões que vence no mês que vem.

Para Rostagno, do Mizuho, apesar da desvalorização do câmbio, o repasse para a inflação neste ano deve ser pequeno e será amenizado pela retração do consumo e queda dos preços no atacado, com o IPCA não devendo estourar o teto da meta de 6,5%. "O efeito de ?pass through' para a inflação deve ser maior no ano que vem", afirma Rostagno.