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Estado Islâmico entra em Kobani e milhares fogem para a Turquia

06/10/2014 20h47

Depois de um cerco de quase três semanas, militantes do Estado Islâmico entraram na importante cidade de Kobani, na fronteira da Síria e da Turquia, e os combates com os defensores curdos-sírios passaram para as ruas, provocando a fuga de milhares de moradores. Antes de entrar na cidade, o Estado Islâmico hasteou sua bandeira negra sobre um edifício nos arredores da cidade.

O chefe das forças curdas que defendem a cidade afirmou à "Reuters" que os combatentes do Estado Islâmico haviam entrado na cidade pelo distrito leste e que estavam bombardeando os demais bairros.

"Vamos morrer ou vamos vencer. Nenhum defensor está fugindo", disse Esmat al-Sheikh, líder da Autoridade de Defesa de Kobani. "O mundo está observando, apenas observando, e deixando esses monstros matar todo mundo, até mesmo crianças... mas vamos lutar até o fim, com as armas que temos", acrescentou.

Se cair, a cidade de Kobani dará ao Estado Islâmico o controle de uma longa faixa na fronteira da Síria-Turquia.

Asya Abdullah, uma importante política curda e colíder do Partido União Democrático na Síria, está em Kobani e disse à "BBC News" que os combates estão ocorrendo em três bairros da cidade. "Os combates estão ocorrendo nas ruas de Kobani agora. Ainda há milhares de civis na cidade e o Estado Islâmico está usando armas pesadas. Se eles não forem detidos agora, haverá um grande massacre", afirmou.

"Eles [os militantes do Estado Islâmico] nos cercaram de quase todos os lados com seus tanques. Os defensores curdos estão resistindo o quanto podem com as armas limitadas que têm", acrescentou a líder curda-síria.

Mustafa Bali, porta-voz dos curdos em Kobani, disse à agência "France-Press" que dois mil civis foram retirados da cidade hoje e que todos os civis receberam ordem de partir. O Comando Central dos Estados Unidos confirmou que um novo ataque aéreo havia "destruído duas posições de combates do Estado Islâmico no sul de Kobani", mas Asya Abdullah disse que os ataques na área eram "ineficazes".

"O Estado Islâmico têm armas pesadas e tanques, é por isso que nossa resistência tem limites e precisamos de mais do que ataques aéreos", afirmou Asya Abdullah. "O resto do mundo está em silêncio sobre este iminente massacre".

Turquia

Nos últimos dois dias, curdos-turcos e refugiados curdos-sírios centraram em choque com as forças de segurança turcas na fronteira. Os curdos estão revoltados com a falta de ação de Ankara sobre os movimentos do Estado Islâmico nos últimos meses, assim como a recusa do governo turco em permitir que os curdos-turcos cruzem a fronteira para lutar contra os militantes na Síria.

Na semana passada, a Turquia prometeu que não permitiria que Kobani caísse nas mãos dos militantes e seu parlamento autorizou o executivo a conduzir operações militares contra os militantes na Iraque e na Síria. Mas, até agora, a Turquia não fez nenhuma ação.