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Juros futuros longos desabam na BM&F com "efeito Aécio"

13/10/2014 17h21

Os juros futuros longos mergulharam hoje na BM&F e se aproximaram de níveis vistos no início de setembro ? auge do favoritismo de Marina Silva (PSB) na corrida presidencial ? em meio a apostas crescentes dos investidores de que Aécio Neves possa vencer a presidente Dilma Rousseff (PT).

O suposto favoritismo do candidato do PSDB teria sido atestado pela pesquisa de intenção de voto do Instituto Sensus e reforçado pela entrada oficial de Marina na canoa tucana. Comenta-se que as denúncias de corrupção na Petrobras, somadas ao desejo de "mudança" captado pelas pesquisas, turbinaram ainda mais Aécio, já em ascensão no fim do primeiro turno.

Com mínima de 11,12%, DI janeiro/2021 era negociado a pouco a 11,16% (ante 11,47% de sexta-feira, após ajustes). No início de setembro, em meio ao "efeito Marina", o contrato trabalhava abaixo de 11%. Ou seja, investidores voltam a trabalhar claramente com a perspectiva crescente de vitória da oposição.

A pesquisa do Instituto Sensus divulgada no fim de semana mostrou Aécio com 58,8% ante 41,2% da presidente Dima Rousseff (PT), ou seja, o tucano teria livrado 17,6 pontos percentuais de vantagem. Trata-se de um panorama muito distinto do empate técnico delineado por pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas na semana passada. É grande a expectativa, portanto, para os novos levantamentos desses dois institutos, que serão divulgados na quarta-feira, dia 15. Investidores ainda acompanham pesquisa Vox Populi, que será divulgada hoje à noite.

O mercado de juros futuros operou com liquidez reduzida e sem a referência dos Treasuries, em razão do feriado em comemoração ao Dia de Colombo nos Estados Unidos. É bem provável, contudo, que as taxas dos Treasuries permanecessem comportadas, já que, no fim de semana, Stanley Fisher, vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) adotou um tom "dovish" (inclinada a uma política monetária acomodatícia) em discurso no encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington.

Embora não tenha fugido à linguagem "dependente de dados" do Fed, Fisher destacou que eventuais consequências do crescimento global mais fraco que o esperado para a economia americana podem levar o BC dos EUA "a retirar a política acomodatícia mais lentamente". Um aperto monetário a partir somente do segundo semestre de 2016 ? e de magnitude limitada ? diminui as pressões sobre ativos emergentes.

Entre os contratos locais mais curtos, a queda foi menos expressiva. DI janeiro/2015 desceu de 10,98% para 10,96%. O contrato para janeiro de 2016 ? que abriga as apostas para o rumo da Selic no ano que vem ? caiu de 11,97% para 11,88%. A inflação incômoda, girando acima do teto da meta (6,5%) e a possibilidade de nova rodada de depreciação do real fazem com que os investidores exijam prêmios para o risco de alta da Selic no ano que vem.

No Boletim Focus, chamou a atenção a alta da mediana agregada das projeção do IPCA neste ano, de 6,32% para 6,45%. E, após 19 semanas consecutivas de queda, a projeção para o PIB neste ano subiu um degrau, de 0,24% para 0,28%. Permaneceram inalteradas tanto a expectativa para a inflação em 2015 (6,30%) quanto para o nível da taxa Selic no fim deste ano (11%) e do próximo (11,88%).