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Dólar fecha em alta em reação às pesquisas eleitorais

21/10/2014 17h46

O mau humor voltou a predominar no mercado de câmbio local hoje, com os investidores reagindo negativamente às pesquisas eleitorais divulgadas ontem, que mostram uma recuperação da presidente Dilma Rousseff (PT) no segundo turno da eleição presidencial, revertendo o quadro até então mais favorável ao candidato Aécio Neves (PSDB).

O dólar fechou em alta de 0,60% a R$ 2,4779, descolando do movimento no mercado externo. Já o contrato futuro avançava 0,59% para R$ 2,489.

Depois de negociar a R$ 2,5019 na máxima intradia, durante a manhã, a moeda americana recuou com a melhora do cenário externo e a entrada de alguns exportadores, que aproveitaram a cotação mais alta para vender dólares no mercado.

A cautela diante do cenário eleitoral incerto, no entanto, acabou prevalecendo e sustentou a alta do dólar no mercado local.

As três pesquisa eleitorais divulgadas ontem mostraram uma recuperação da presidente Dilma na corrida eleitoral.

A sondagem divulgada ontem pelo Datafolha mostrou Dilma com 52% das intenções de voto e Aécio com 48%, no limite da margem de erro. A pesquisa realizada pelo Vox Populi também apontou o mesmo resultado. Ontem, a pesquisa realizada pela CNT/MDA já mostrava uma vantagem da presidente Dilma em relação ao candidato tucano.

As pesquisas levaram os agentes de mercado a reduzir as apostas em uma vitória de Aécio, passando a adotar uma posição mais defensiva, o que aumentou a demanda por dólar.

Para o diretor de câmbio da Pioneer Corretora, João Medeiros, no caso de uma reeleição de Dilma pode haver um mau humor nos mercados, que deve prevalecer até que a presidente anuncie a formação da nova equipe econômica.

Até o momento a presidente sinalizou apenas que deve trocar o comando do Ministério da Fazenda, mas não anunciou quem comporia a nova equipe econômica.

Esse movimento de alta do dólar, no entanto, seria limitado pela alta taxa básica de juros no Brasil e pela manutenção do programa de intervenção no câmbio. "O mercado de alguma forma já não descarta uma vitória da Dilma. O dólar indo a R$ 2,50 é um sinal disso. Só que sustentar esse nível com um juro de 11% é quase suicídio. Uma hora tem que voltar [o dólar]", diz o operador de câmbio de um banco estrangeiro.

Em entrevista publicada no próprio site, a gestora americana Pimco destaca que mantém a avaliação overweight (acima do benchmark) para Brasil, dado o cenário global de juros persistentemente baixos, destacando, no entanto, que tem reduzido a exposição cambial.

Lá fora, as moedas emergentes tiveram uma ligeira alta frente ao dólar, sustentada por dados da China e pela expectativa do anúncio de um novo programa de compra de ativos pelo Banco Central Europeu.

O PIB da China cresceu 7,3% no terceiro trimestre na comparação anual, acima da expectativa de 7,2% dos analistas, mas abaixo da meta de 7,5% do governo para este ano.

A produção industrial cresceu 8,0% em setembro sobre um ano antes, contra 7,5% esperados. Mas números mais fracos em investimentos em ativos fixos e na atividade de construção serviram de lembrete de que a China ainda pode ter sérias dificuldades para garantir o cumprimento da meta de crescimento econômico neste ano, de 7,5%.

No mercado local, o Banco Central seguiu com as intervenções programadas no mercado de câmbio e rolou mais 8 mil contratos de swap cambial que tinham vencimento para o início de novembro. A autoridade monetária ainda vendeu 4 mil contratos de swap cambial no leilão do programa de intervenção.