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Bovespa sobe e dólar cai mais de 1% com ajustes e quadro externo

28/10/2014 14h01

Depois da forte volatilidade do primeiro pregão pós-eleições - quando os ativos domésticos tiveram expressivos recuos, mas longe do pânico que se temia -, os mercados locais recuperam parte das perdas. Investidores desmontam posições construídas para um cenário mais pessimista com a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), quadro esse que, por ora, não se confirmou.

A bolsa brasileira é a que mais sobe hoje no mundo, considerando os principais mercados de ações globais. Da mesma forma, o real é a moeda que mais se fortalece ante o dólar num grupo de 34 divisas.

O "benefício da dúvida" expresso pelos agentes nos preços dos ativos decorre de expectativas de que a presidente Dilma promova mudanças em seu governo, e, por tabela, na condução da política econômica, na esperança de que o país retome o caminho do crescimento e recupere a credibilidade em áreas como a fiscal e monetária.

A recuperação dos mercados domésticos é em parte ditada também pelo clima de maior apetite por risco no exterior, após balanços corporativos positivos nos EUA e números mostrando que a confiança do consumidor americano subiu em outubro ao maior patamar em sete anos.

Câmbio

O dólar acelerou as perdas frente ao real no fim da manhã desta terça-feira, após a divulgação de dados mais fracos sobre a economia americana, que endossam expectativas de que o Federal Reserve mantenha amanhã a promessa de juros baixos e eventualmente sinalize a postergação do início do aperto monetário nos EUA.

Mas o dólar já abriu em firme desvalorização ante o real. Os investidores, que puxaram a moeda ontem a máximas não vistas desde dezembro de 2008, embolsaram lucros. A queda é ditada ainda pela perspectiva de que a presidente Dilma Rousseff (PT) adote um tom mais "amigável" ao mercado em seu segundo mandato, algo entendido pelo mercado a partir de declarações públicas da presidente logo após reeleita e reforçadas ontem em entrevista à TV aberta.

Em entrevista ao Jornal Nacional da TV Globo exibida ontem, a presidente reeleita afirmou que antes do fim do ano vai anunciar "de forma muito clara" as medidas que tomará em relação à economia. Dilma disse ainda que pretende dialogar com todos os setores da economia antes de começar a adotar medidas para "transformar e melhorar o crescimento da nossa economia".

Às 13h50, o dólar comercial cedia 1,75%, a R$ 2,4774, após marcar R$ 2,4722 na mínima do dia. Ontem, a cotação fechou em alta de 2,61%, a R$ 2,5216, maior patamar para um encerramento desde dezembro de 2008.

No mercado futuro, o dólar recuava 1,66%, para R$ 2,4845, depois de bater R$ 2,4760 na mínima.

Bolsa

O Ibovespa se recupera de parte da perda de ontem e subia 2,33% às 13h50, para 51.678 pontos. A baixa da segunda-feira pós-eleições foi de 2,77%. Depois do que alguns analistas consideraram quedas exageradas de alguns papéis, o "kit eleições" (ações de estatais e bancos) se recupera e vai ao topo do Ibovespa. Elétricas e bancos são destaque de valorização.

Entre as maiores altas do Ibovespa estavam Banco do Brasil (5,2%), Eletropaulo PN (5,04%), Eletrobras PNB (3,87%), e Gol PN (9,83%).

Petrobras PN sobe 4,06% e Petrobras ON ganha 3,52%. Vale PNA segue no lado oposto e cai 0,31%. O Goldman Sachs cortou as estimativas para a mineradora brasileira e espera resultados fracos no terceiro trimestre de 2014, após a publicação dos dados operacionais do período.

O mercado agora fica à espera de anúncios de nomes para o governo e deve oscilar ao sabor de rumores sobre esse assunto. A volatilidade será a tônica. "Não consigo dar um viés para a Bolsa, que está em compasso de espera", diz o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi.

Juros

Os juros futuros registraram queda firme nesta manhã. Operadores dizem que o nível alto alcançado pelas taxas ontem atraiu aplicadores. Entretanto, enquanto não aparecem os sinais aguardados sobre a condução da política econômica, agentes ficam na retranca. É essa a explicação, dizem profissionais, para o baixo volume de negócios que ainda se observa.

"Acho que o mercado está dando o benefício da dúvida para a Dilma, que está falando em diálogo, e tem colocado nomes que agradam ao mercado na pauta", afirma um operador, referindo-se às possibilidades de indicações para a equipe econômica que estão circulando. Ainda que haja certo ceticismo em relação à confirmação de muitos nomes que circulam, agentes veem um certo "esforço" por parte do governo em sinalizar que tem em mente uma equipe mais alinhada com o mercado financeiro.

Há pouco, DI janeiro/2021 era negociado a 11,96%, de 12,14% ontem. DI janeiro/2017 tinha taxa de 11,92%, de 12,07%.