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Bovespa sobe mais de 3% com otimismo sobre nova equipe econômica

28/10/2014 17h51

A bolsa brasileira devolveu toda a perda de ontem, de quase 3%, e ainda subiu mais um pouco nesta terça-feira, com ações de bancos, elétricas e do "kit eleição" entre os maiores ganhos do dia. Passado o primeiro impacto do resultado das eleições presidenciais, o mercado agora se concentra nos nomes que poderão compor a equipe econômica do segundo governo de Dilma Rousseff.

O estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala, lembra que o "day after" da eleição foi bem mais tranquilo do que se imaginava, já que o mercado havia precificado antecipadamente a possibilidade de vitória de Dilma. "Agora troca mos as pesquisas por especulações de nomes para a equipe econômica."

Gala acredita que, com base nos últimos sinais dados pela presidente reeleita e nas informações que circularam na imprensa, os investidores estão se dando conta que "não será tão complicado resgatar a confiança". "Dependendo de como a Dilma compor a equipe, os nomes servirão como fiadores para o resgate da confiança no país."

O Valor informou hoje que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria sugerido a Dilma três nomes para ocupar a Fazenda: Luiz Carlos Trabuco, presidente executivo do Bradesco, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, e o ex-secretário-executivo do ministério Nelson Barbosa.

O especialista ressalta ainda que o cenário externo deve voltar ao radar dos investidores, em função da reunião de amanhã do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). "Você tem um quadro de desaceleração das economias da China, Japão e Europa. Isso reforça a expectativa de juro baixo na economia mundial em 2015. A dúvida reside sobre os Estados Unidos. Será que vão conseguir crescer com esse vento frontal? Está se desenhando um provável cenário de desaceleração por lá também. Se isso acontecer, o Fed só deve subir os juros em 2016", avalia Gala.

Essa hipótese seria o melhor dos mundos para os mercados emergentes, inclusive o Brasil, ressalta do estrategista da Fator. "Apesar das turbulências, o Brasil é um país relativamente seguro, especialmente diante do retorno que oferece para aplicações em juros. Não estamos à beira de uma catástrofe macroeconômica."

O Ibovespa fechou em alta de 3,62%, aos 52.330 pontos, com volume de R$ 9,329 bilhões. Entre as principais ações do índice, o setor bancário puxou os ganhos -Banco do Brasil ON (7,17%), Bradesco PN (6,77%), Itaú PN (5,93%) - acompanhado de Petrobras PN (5,17%).

Petrobras ON (4,23%) chamou a atenção de operadores hoje, não tanto pela alta do papel, mas pela grande demanda por aluguel de ações. Não chegou a faltar ações para essa finalidade no mercado, mas as fontes relataram uma procura "fora do normal". O aluguel de ações é usado por investidores que pretendem ficar "vendidos" - apostar na baixa - no ativo.

No topo do índice ficaram Gol PN (15,49%), PDG Realty ON (10,89%) e Light ON (9,50%). A companhia aérea conquistou uma frequência semanal para os Estados Unidos. A autorização foi dada hoje pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Além disso, a queda do dólar frente ao real é favorável à companhia, que possui dívida e despesas atreladas à moeda estrangeira. Operadores comentaram ainda que a ação da Gol teve sua recomendação elevada pela Raymond James, de neutra para compra.

A lista de maiores baixas trouxe Usiminas PNA (-4,18%), Fibria ON (-1,55%) e Klabin Unit (-1,45%). O Credit Suisse cortou a recomendação das ações da siderúrgica, de compra para neutra, com preço-alvo de R$ 8,00. A tendência de queda da demanda de aço no país em 2015, redução do preço internacional do aço e ainda o risco de racionamento de energia estão entre os motivos citados pelo banco para a mudança de recomendação de Usiminas.