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Dólar fecha em queda com expectativa de nova equipe econômica

28/10/2014 17h46

Depois de forte alta do dólar ontem, o dia hoje foi de alívio do mau humor no mercado de câmbio local, com o dólar fechando em queda frente ao real, acompanhando o movimento no exterior. Investidores desmontaram posições construídas para um cenário mais pessimista com a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), enquanto aguardam o anúncio do novo ministro da Fazenda, na esperança de que a presidente sinalize uma mudança da atual política econômica.

O dólar comercial fechou em queda de 1,95% a R$ 2,4725. O contrato futuro para novembro recuava 2,02% para R$ 2,475.

Os investidores evitam fazer apostas contra o real até que o governo anuncie a nova equipe econômica, destacando os discursos em tom mais conciliador da presidente Dilma após a eleição . Além disso, com uma taxa básica de juro s alta, em 11% ao ano, e um cenário mais calmo para mercados emergentes o Brasil continua atraindo capital externo, o que lim ita uma desvalorização muito forte do real.

Até o momento, a presidente apenas anunciou a troca de comando no Ministério da Fazenda, mas ainda não sinalizou se trará alguém do mercado ou uma pessoa ligada à atual equipe econômica. Os investidores parecem dar o "benefício da dúvida" ao governo, dado recuo no movimento de venda dos ativos domésticos, na expectativa de que a presidente Dilma promova mudanças em seu governo, e, por tabela, na condução da política econômica, que tem sido criticada pelo maior intervencionismo na economia e deterioração da parte fiscal.

O nome de Luiz Carlos Trabuco, presidente-executivo do Bradesco, seria uma indicação do ex-presidente Lula para ocupar a pasta no lugar de Guido Mantega. Outros nomes sugeridos por Lula são Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, e Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

"O mercado está torcendo por uma mudança, o que fez reduzir um pouco o mau humor dos investidores", afirma Jayro Rezende, gerente de derivativos cambiais da CGD Investimentos, lembrando que o investidor estrangeiro, princi palmente de renda fixa, ainda não saiu do Brasil. "Com a taxa de juros baixa lá fora, o estrangeiro não encontra um mercado que pague um yield [taxa de retorno] tão alto quanto o Brasil", afirma Rezende.

O grande risco é que o governo demore muito para implementar os ajustes na política econômica, principalmente para retomar o crescimento e ajustar a política fiscal, ou traga alguém ligado à atual equipe econômica, que não represente uma mudança e leve as agência de classificação de risco a rebaixarem a nota do Brasil. Hoje os investidores acredi tam que as agências, principalmente a Moody's e a Fitch Ratings que ainda mantêm o rating do Brasil um degrau acima do gr au de investimento, não devem tomar nenhuma decisão até o anúncio da equipe econômica. "Não acredito que as agências tomem alguma decisão agora. Se houver um rebaixamento do rating deve ser só no fim do ano que vem", afirma Rezende, da CGD.

A S&P rebaixou o rating soberano do Brasil para grau de investimento em março deste ano e mantém perspectiva estável. A Fitch e a Moody's mantêm a nota do Brasil um degrau acima do grau de investimento, mas com perspectiva negativa.

Em relatório divulgado nesta terça-feira, a Moody's informou que a presidente Dilma terá como grande desafio reconquistar a confiança dos investidores para promover investimentos e crescimento no médio prazo. "O governo precisa trabalhar rapidamente para estabelecer a credibilidade dada a prévia inabilidade de cumprir os objetivos. Uma evolução nos próximos dois ou três meses é provável para estabelecer o tom", aponta e relatório.

A agência destaca, no entanto, que como o suporte político vem do PT, um cenário político semelhante ao atual no segundo mandato é esperado pela maioria dos investidores e do mercado.

A consultoria Capital Economics avalia que deve se esperar mais do mesmo no segundo mandato da presidente Dilma e destaca que a escolha do próximo ministro da Fazenda será um primeiro sinal do apetite por mudanças. "A polí tica fiscal precisa ser ajustada, mas é necessário também um maior grau de transparência orçamentária, dada a tendência, nos últimos anos, de se recorrer a artifícios contábeis para massagear os números das finanças públicas", diz a consultoria.

Por enquanto, o governo tem contado com o benefício do cenário mais calmo, com o temor de uma antecipação da alta da taxa de juros nos Estados Unidos diminuindo após alguns dados econômicos mais fracos que o esperado da economia americana e diante da desaceleração da economia na Europa e no Japão.

As encomendas de bens duráveis nos EUA tiveram uma queda de 1,3% em setembro na comparação com o mês anterior , enquanto a previsão era de uma alta de 0,7%, segundo dados divulgados hoje.

Lá fora, o dólar recuava frente às principais moedas emergentes, caindo 0,76% frente ao rand sul-africano, 1,13% diante da lira turca e 0,62% em relação ao peso mexicano.

No mercado local, os Banco Central seguiu com as atuações no câmbio e renovou hoje mais 8 mil contratos de swap cambial que venceriam no início de novembro e vendeu todos os 4 mil contratos de swap no leilão do programa de intervenção.