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Dólar fecha em queda após Fed e expectativa com nova equipe econômica

29/10/2014 18h06

A sinalização do Federal Reserve de que manterá a taxa básica de juros baixa por um "período considerável" e a expectativa com o anúncio do novo ministro da Fazenda levaram o dólar a apresentar uma nova rodada de queda frente ao real.

Após atingir a mínima de R$ 2,4246, o dólar comercial reduziu a queda frente ao real após o comunicado do Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc, na sigla em inglês) e fechou em baixa de 0,24% a R$ 2,4666. Já o contrato futuro para novembro avançava 0,04% para R$ 2,464, com os investidores puxando a cotação do dólar para cima com a proximidade do vencimento dos contratos futuros no início de novembro.

O fato de o Fed não ter sinalizado que pretende postergar a alta da taxa básica de juros nos Estados Unidos, como alguns vinham apostando no mercado, levou a moeda americana a reverter a queda e subir frente às principais moedas emergentes.

O dólar subia 0,62% frente do dólar australiano, 0,94% em relação ao rand sul-africano, 0,34% diante da lira turca e 0,32% em relação ao peso mexicano.

O Fed manteve a taxa básica de juros em 0,25% e confirmou que deve encerrar em outubro o programa de compra de ativos, mantido desde a crise financeira de 2008. A autoridade monetária americana ainda destacou que a subutilização no mercado de trabalho nos EUA está diminuindo gradualmente, mas que a inflação continua em ritmo inferior à meta de 2%, devendo permanecer baixa no curto prazo por conta dos preços de energia e outros fatores.

"O comunicado do Fed veio rigorosamente dentro do esperado. Mas ainda permanece a incerteza sobre quando ele deve começar a normalização da taxa de juros nos EUA. De qualquer forma, a expressão de vão manter a taxa baixa ?por um período considerável' implica em um prazo de pelo menos seis meses", afirma Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora. Para Gala, o que vai definir esse prazo é a questão se os EUA vão conseguir continuar crescendo em um mundo em que está crescendo cada vez menos.

Enquanto o cenário externo permanece mais calmo, o Brasil continua atraindo capitais para renda fixa por conta do diferencial de juros, o que tem limitado a desvalorização do real. Hoje o Comitê Política Monetária (Copom) deve anunciar a decisão sobre a taxa básica de juros e a perspectiva é de manutenção da taxa Selic em 11% ao ano.

Apesar da volatilidade nos mercados por conta da eleição presidencial, o fluxo cambial estava posit ivo em outubro, até o dia 24, em US$ 3,032 bilhões, resultado de uma entrada líquida de US$ 2,433 bilhões na conta comercial e de um ingresso líquido de US$ 599 milhões na conta financeira. No ano, o fluxo cambial estava positivo em US$ 4,375 bilhões.

Os investidores aguardam o anúncio do novo ministro da Fazenda, na esperança de que a presidente indique alguém que sinalize uma mudança da política econômica atual. Na lista dos cotados, estão o ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa; o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco; o ex-presidente do Banco do Brasil Rossano Maranhão Pinto; o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles; e o atual líder do BC, Alexandre Tombini. Mas, até agora, não surgiu qualquer novidade concreta sobre os escolhidos.

O jornal "O Estado de S.Paulo" publicou em edição desta quarta-feira que a presidente deve escolher o novo comandante do Ministério da Fazenda antes da reunião do G-20 na Austrália, prevista para os dias 15 e 16 de novembro.

Para Sidnei Nehme, diretor de câmbio da corretora NGO, o Ministério da Fazenda e o Banco Central devem estar alinhados no mesmo propósito para que haja sinergia no comprometimento com metas inflacionária e fiscal. "Até que isso se torne perceptível, o câmbio, face à inconstância dos fluxos, deverá conviver com volatilidade, requerendo presença intervencionista do Banco Central, mas com viés de alta", afirma Nehme em relatório, prevendo um câmbio a R$ 2,60 no fim do ano.

O BC seguiu com o cronograma de atuação no câmbio e renovou hoje mais 8 mil contratos de swap cambial que venceriam em novembro e vendeu todos os 4 mil contratos de swap no leilão do programa de intervenção.