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Bovespa sobe 2,5% impulsionada por setor bancário

30/10/2014 18h06

A bolsa brasileira registrou alta expressiva nesta quinta-feira, na esteira do "choque de credibilidade" promovido pelo Banco Central ontem, ao anunciar um aumento inesperado na taxa básica de juros da economia, para 11,25%. Notícias corporativas e o clima positivo no exterior também impulsionaram os negócios.

Lá fora, o crescimento de 3,5% da economia americana no terceiro trimestre agradou os analistas, que projetavam avanço de 3,1% do PIB no período. Aqui, os bancos subiram forte, tanto em reação ao aumento da taxa Selic como ao balanço apresentado pelo Bradesco. Já as ações da Vale despencaram devido ao fraco resultado no terceiro trimestre e impediram uma alta ainda maior do Ibovespa.

"O Copom se antecipou bem. O mercado esperava um movimento de alta dos juros apenas no ano que vem. É uma sinalização importante, de que o Banco Central está preocupado com a inflação", avalia o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala.

A questão agora é saber o tamanho e a duração desse novo ciclo de aperto monetário. Uma série de variáveis serão determinantes, como o aumento da gasolina, das tarifas de ônibus e, até, se vai chover, já que a estiagem encarece o preço da energia elétrica, lembra Gala. "Por enquanto um aumento total de 1% em quatro doses de 0,25% parece estar no radar."

O Ibovespa fechou em alta de 2,52%, aos 52.336 pontos, com volume de R$ 12,979 bilhões. O giro elevado inclui R$ 4,862 bilhões movimentados na oferta voluntária de recompra (OPA) de ações e units do Santander. A operação visa a permuta dos papéis por recibos de ações (BDRs) da matriz espanhola do banco. O Santander conseguiu recomprar cerca de 56% das units em circulação no mercado. As units seguem negociadas na bolsa e fecharam em alta de 1,86%, a R$ 14,27, abaixo do preço de referência da OPA, de R$ 15,10.

O setor bancário concentrou as maiores altas do dia. Itaú PN subiu 8,08%, para R$ 35,58, seguida por Bradesco ON (7,74%, a R $ 34,79), Itaúsa PN (7,66%, a R$ 9,56), Banco do Brasil ON (7,03, a R$ 27,25) e Bradesco PN (6,78%, a R$ 36,05). A alta da Selic é positiva para o setor, uma vez que tende a aumentar a margem de ganho nas operações de financiamento.

Além disso, o setor reagiu ao balanço do Bradesco no terceiro trimestre, que veio melhor do que o esperado pelos analistas. Mesmo com o crescimento mais lento da economia e com expansão tímida no crédito, o Bradesco reportou lucro líquido contábil de R$ 3,875 bilhões, um aumento de 26,5% sobre o mesmo período do ano passado.

O resultado foi ajudado, principalmente, pela melhora das margens e pelas receitas de prestação de serviços. O lucro ajustado, que exclui itens extraordinários, somou R$ 3,950 bilhões, com alta de 28,2%. Analistas ouvidos pelo Valor previam lucro ajustado de R$ 3,8 bilhões.

Petrobras PN (2,14%, a R$ 14,32) e ON (1,85%, a R$ 13,78) recuperaram parte do tombo de ontem. Além do "choque de credibilidade" promovido pelo Copom, operadores comentam que as ações da estatal sobem na expectativa de um reajuste dos combustíveis no fim de semana. Conforme informou o Valor, o conselho de administração da Petrobras se reunirá amanhã para discutir o assunto. Com a queda do petróleo no mercado internacional, os índices de reajuste da gasolina e do diesel deverão ser modestos, na casa dos 4% ou 5%.

Na ponta negativa do Ibovespa, o destaque do dia foram as ações ON (-4,28%, a R$ 23,70) e PNA (-4,47%, a R$ 20,50), além de Bradespar PN (-4,81%, a R$ 15,65), que possui ações da mineradora em sua carteira de investimentos.

A Vale saiu de um lucro de R$ 7,949 bilhões no terceiro trimestre do ano passado para prejuízo líquido de R$ 3,381 bilhões neste ano, após o forte impacto da variação cambial no balanço da companhia e queda dos preços do minério de ferro. A receita líquida alcançou R$ 20,63 bilhões, com recuo de 26,8%. O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, explicou que a perda líquida foi causada "quase exclusivamente pelo impacto não caixa da desvalorização do real frente ao dólar". O resultado veio no piso das projeções dos analistas.