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Dólar fecha em forte alta e encerra mês com valorização de 1,21%

31/10/2014 17h56

O dólar devolveu a queda verificada ontem e fechou em forte alta frente ante o real nesta sexta-feira. A expressiva valorização da moeda americana acompanhou o movimento no exterior e foi intensificada por questionamentos sobre a capacidade do governo de cumprir com os ajustes da política econômica após o resultado fiscal fraco divulgado hoje.

O dólar comercial subiu 2,92%, fechando a R$ 2,4772, maior alta em termos percentuais desde 23 de novembro de 2011. Com isso a moeda americana registra alta de 0,81% na semana e de 1,21% no mês. No mercado futuro, o contrato futuro para novembro avançava 1,62% para R$ 2,44, enquanto o contrato para dezembro operava em alta de 3,29% para R$ 2,496.

Na reta final dos negócios, algumas máximas também foram renovadas, em meio à disparada de ordens de stop loss (limite de perda) no mercado futuro.

O dia foi de grande volatilidade, com a moeda americana tendo oscilado entre R$ 2,3980 e R$ 2,4722, movimento que foi intensificado pela tradicional "briga" entre os investidores com posições compradas e vendidas na B M&F no último pregão do mês.

A divulgação de um fraco resultado fiscal do governo central em setembro desagradou o mercado e trouxe a preocupação da capacidade do governo em promover um ajuste da política macroeconômica. A leitura, é que a piora das contas públicas pode exigir um esforço fiscal maior do governo para entregar um resultado satisfatório que permita a queda da dívida pública bruta e líquida a fim de evitar um rebaixamento do rating soberano do Brasil. "Depois da alta do juro, existe uma sensação de: ?e agora?'. Precisa vir um ajuste fiscal que realmente mantenha o voto de confiança do mercado no governo", diz um analistas de um banco estrangeiro.

O governo central registrou um déficit primário R$ 25,491 bilhões em setembro. Em agosto, o déficit foi de R$ 14,460 bilhões. Com isso, o setor público tem déficit pelo quinto mês seguido, algo inédito na série do BC, e terá q ue rever a meta de superávit primário de 1,9% do PIB para este ano.

Na avaliação do BNP Paribas, o primeiro "grande desafio" do governo em 2015 é garantir a sustentabilidade fiscal. O banco lembra que as agências de classificação de risco vão exigir uma plano "crível" de consolidação para resolver os problemas orçamentários caso o Brasil queira evitar um corte de sua nota de crédito soberano", afirma o banco francês em nota a clientes.

Lá fora, o dólar subiu frente às principais divisas apesar do anúncio da ampliação dos estímulos mo netários por parte do Banco do Japão.

Numa decisão inesperada, o BoJ, (na sigla em inglês) decidiu ampliar para 80 trilhões de ienes (cer ca de US$ 719 bilhões) o ritmo anual de aumento de sua base monetária, ante volume anterior entre 60 trilhões de ienes e 70 trilhões de ienes. "O movimento do BoJ em tese é bom porque aumenta a liquidez, mas ao mesmo tempo reforça a sensação de que a política monetária americana está ficando mais apertada e, portanto, mais favorável ao dólar. Isso puxa o dólar para cima de forma generalizada", diz o operador de outra corretora.

Além disso, a medida reforça a perspectiva de uma desaceleração econômica mais acentuada do Japão, contrastando com o quadro de recuperação dos Estados Unidos, que mostrou números positivos da economia hoje. Com isso, o anúncio da medida do BoJ provou um aumento da alocação em ações e também nos títulos do Tesouro americano (Treasuries).

O dólar subia 1,65% frente ao rand sul-africano, 1,11% diante da lira turca e 0,21% em relação ao peso mexicano.