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Dólar tem 6ª alta e bate máxima desde 2005 com incertezas domésticas

07/11/2014 17h36

O dólar reduziu gradualmente a alta frente ao real perto do fim da sessão, mas nada que impedisse a moeda de cravar nesta sexta-feira o sexto pregão consecutivo de ganhos e renovar a máxima de fechamento em nove anos e meio. A sessão de hoje consolidou ainda a maior valorização semanal em quase dois meses.

Um "payroll" aquém do esperado nos Estados Unidos contribuiu para uma menor pressão sobre o dólar, mas sem minimizar dúvidas e incertezas quanto à condução da política macroeconômica no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), elementos por trás da forte alta de 3,49% do dólar nesta semana.

"As expectativas do mercado por uma política econômica mais ortodoxa estão se esvaziando", diz o Morgan Stanley em nota a clientes. O banco afirma que a alta da Selic na semana passada alimentou esperanças de uma mudança de rumo da política econômica, mas que desde então o governo não anunciou novas ações para endossar essa expectativa de mudanças. Isso, combinado com uma intervenção "mais limitada" por parte do Banco Central e condições globais menos favoráveis, pressionou o real. "Continuamos cautelosos com a perspectiva de médio prazo", concluem analistas do banco.

Declarações dadas ontem pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, reforçaram o mau humor. Em entrevista, a presidente afirmou que anunciará o novo ministro da Fazenda apenas após a reunião do G-20, prevista para daqui a cerca de dez dias. Dilma afirmou ainda que não convidou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, para o Ministério da Fazenda, que as tarifas públicas não estão represadas e que o "tarifaço" já ocorreu.

Pesaram também comentários de Mercadante, o qual afirmou que o governo não pretende fazer cortes bruscos nos gastos para evitar o risco de trazer recessão e desemprego.

O J.P. Morgan estima que o dólar deve se estabilizar entre R$ 2,55 e R$ 2,60 no curto prazo, com a já elevada posição favorável à moeda americana nos mercados locais limitando o espaço para um novo salto da divisa dos EUA. Além disso, o banco entende que, com o dólar mais próximo de R$ 2,60, é possível que o BC acelere o ritmo de rolagens de swaps cambial. "Acima de R$ 2,60, é mais provável que o BC eleve o juro em 0,50 ponto percentual em vez de 0,25 ponto que esperamos para a próxima reunião do Copom", diz o economista Diego Pereira em nota a clientes.

O Banco Central fez hoje a rolagem de todos os 9 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão. Mantido esse ritmo, é possível estimar que o BC terminará novembro tendo postergado US$ 7,65 bilhões de um lote que soma US$ 9,83 bilhões. Ao longo de outubro, o BC rolou todos os US$ 8,84 bilhões em swaps do lote com vencimento marcado para novembro.

No fechamento desta sexta-feira, o dólar comercial teve variação positiva de 0,04%, a R$ 2,5636. É o maior patamar de encerramento desde 19 de abril de 2005, quando a moeda ficou em R$ 2,5750. Na máxima, a cotação foi a R$ 2,5891, pico desde 5 de dezembro de 2008 (R$ 2,6210).

Foi a sexta alta seguida do dólar, período em que a moeda se apreciou 6,51%. Na semana, o ganho foi de 3,49%, o maior desde a semana encerrada em 12 de setembro (+4,24%) e a segunda mais intensa considerando uma lista de 34 divisas. Apenas contra o rublo russo o dólar subiu mais: 8,77%.

No ano, a valorização do dólar ante o real é, coincidentemente, de 8,77%.

No mercado futuro, em que os negócios vão até as 18h, o dólar para dezembro tinha queda de 0,43%, a R$ 2,5750.