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Juros futuros fecham em alta com preocupações com política econômica

07/11/2014 18h41

Com oscilações expressivas, os juros futuros avançaram nesta sexta-feira na BM&F em resposta à perda de confiança dos investidores em alterações substantivas da política econômica. A dobradinha formada por declarações da presidente Dilma Rousseff e do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, no início da noite de quinta (6), abalaram a fé de que o governo poderia adotar uma postura mais ortodoxa e provocaram uma correção dos prêmios de risco.

As taxas já abriram em alta firme alinhando-se aos níveis alcançados na sessão estendida de ontem ? quando investidores absorveram as declarações de Dilma e Mercadante ? e dispararam ao longo da manhã em meio a uma espiral ascendente de zeragem de posições. E a liquidez reduzida exacerbou a volatilidade.

A onda de acúmulo de prêmios foi estancada às 11h30, quando saíram dados mais fracos da geração de empregos (payroll) nos Estados Unidos. Foram criados 214 pontos de trabalho em outubro, abaixo dos 233 mil previstos. Embora o dado em si não tenha alterado a perspectiva sobre o ritmo de recuperação da economia americana, serviu de gatilho para uma retomada do apetite por risco e uma mudança de rota de quem havia se posicionado para um dado mais forte.

O mercado de juros se acalmou e os DIs passaram o resto da tarde com oscilações mais modestas. Segundo operadores, o vaivém pela manhã deixou muitos investidores "machucados" e sem apetite para novas apostas.

Com a moderação após o "payroll", os DIs encerraram a sessão longe das máximas e abaixo dos níveis no "after market" de quinta-feira, mas ainda assim em patamares elevados. Com máxima máxima de 12,77%, DI janeiro/2021 era negociado a 12,51% (ante 12,45%). Depois de atingir 12,80%, DI janeiro/2017 chegou ao fim da sessão a 12,65% (ante 12,62%). Entre os mais curtos, DI janeiro/2015 era negociado a 12,31% (ante 11,29%).

A leitura geral é que o governo perdeu o voto de confiança que havia recebido após as eleições. Com a demora na nomeação do ministro da Fazenda e a ausência de sinais sobre um ajuste fiscal mais intenso, a palavra de ordem é evitar exposição ao risco. Ontem, Dilma disse que só anunciará o novo titular da Fazenda quando voltar da reunião do G-20, que corre nos dias 15 e 16, na Austrália. A presidente afirmou que pretende cortar gastos e reduzir a inflação, mas reiterou que isso está condicionado a manutenção da renda e do emprego, em uma repetição do discurso que marcou o primeiro mandato e a campanha eleitoral.

Já Mercadante falou em flexibilização do superávit primário e ressaltou que não é possível fazer um corte busco no gasto público sob o risco de o país afundar na recessão, com desemprego e queda da renda.