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Bovespa termina estável, mas acumula perda de 2,7% na semana

14/11/2014 18h06

O Ibovespa encerrou próximo da estabilidade nesta sexta-feira, mas quem olha o retrato do fechamento pode ter a falsa impressão de que o dia foi tranquilo no mercado de ações brasileiro. Na verdade, o clima tenso começou antes mesmo da abertura, com a suspensão dos negócios com ações da Petrobras pela BM&FBovespa.

A bolsa preferiu postergar a abertura das operações com papéis da estatal para que todo o mercado tomasse conhecimento do fato relevante e dos esclarecimentos da companhia sobre o adiamento da publicação do balanço, prevista inicialmente para hoje à noite.

"A bolsa travou um pouco os negócios para todo mundo digerir a notícia", observou o diretor da corretora Mirae Brasil, Pablo Spyer. "E não foi só o balanço da Petrobras. Você teve hoje todo o noticiário das prisões de executivos de grandes construtoras pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato", lembra Spyer.

Ao longo da tarde, a Bovespa se afastou das mínimas observadas logo na abertura. Operadores comentaram que alguns papéis ficaram níveis de preço atraentes e chamaram compras. No entanto, as ações da Petrobras e de outras estatais - Banco do Brasil e Eletrobras - permaneceram no vermelho.

Apesar da modesta reação no fim da tarde, operadores relatam que seus clientes ainda estão cautelosos diante de uma série de incertezas, que vão da composição da nova equipe econômica de Dilma Rousseff às expectativas sobre os resultados da estatal e possíveis desdobramentos das investigações de corrupção na companhia. O Valor apurou que a Petrobras fará uma teleconferência com a imprensa na segunda-feira para esclarecer os motivos que levaram ao adiamento, além de informar alguns dados operacionais.

"Tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. O movimento dos mercados, não só a bolsa, mas principalmente os juros, mostra que há uma indecisão enorme no ar", comenta o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala. "Há um desconforto imenso com o Brasil", acrescenta Pablo Spyer, da Mirae, que atende principalmente grandes investidores asiáticos.

Depois de atingir a mínima de 50.885 pontos (-1,85%), o Ibovespa fechou em leve baixa de 0,14%, aos 51.772 pontos, com volume de R$ 6,792 bilhões. Desta forma, a bolsa brasileira encerrou a semana com perda acumulada de 2,72%. No mês, o índice recua 5,23% e, no ano, sobe apenas 0,51%.

As estatais Petrobras PN (-2,94%), Banco do Brasil ON (-1,48%) e Eletrobras ON (-4,88%) ficaram entre as maiores baixas. Por outro lado, ações de bancos privados - Itaú PN (0,48%) e Bradesco PN (0,33%) - terminaram no azul, ajudando a aliviar a pressão negativa sobre a bolsa brasileira. Vale PNA (2,21%) e siderúrgicas - Usiminas PNA (3,98%), Gerdau PN (1,75%) -marcaram presença entre as maiores altas.

A exceção foi CSN ON (-3,56%), que reagiu ao balanço do terceiro trimestre. A companhia saiu de lucro para prejuízo de R$ 250 milhões no período. O BTG Pactual destacou em relatório a preocupação com a alavancagem da CSN e considerou o resultado da siderúrgica "desapontador". O Ebitda ajustado de R$ 977 milhões no período ficou 17% abaixo das expectativas do banco. O banco credita a preocupação à redução do volume e do preço do minério de ferro.

Outro destaque negativo hoje foi Rossi ON (-4,65%). A construtora saiu de lucro de R$ 2,1 milhões no terceiro trimestre do ano passado para prejuízo de R$ 265,1 milhões no mesmo período deste ano.