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Esgotamento de "choque agrícola" reduz prévia do IGP-M, diz FGV

12/01/2015 16h26

O esgotamento do chamado "choque agrícola", observado no fim do ano passado, quando problemas climáticos reduziram a oferta de itens agrícolas e elevaram preços no atacado, conduziu à desaceleração da inflação apurada pela primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de 0,63% para 0,29%, entre dezembro e janeiro. Entretanto, mesmo com prévia em desaceleração, a taxa final do IGP-M de janeiro pode voltar a subir, pressionada por outras influências, originadas no varejo e na construção civil, alertou o Superintendente Adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), Salomão Quadros.

Isso porque o mês de janeiro concentra reajustes de importantes preços administrados, como mensalidades escolares, ônibus urbano e energia elétrica, que devem acelerar a inflação do varejo, que representa 30% do total dos IGPs. Ao mesmo tempo, o indicador deve captar aumento de mão de obra na construção civil, o que deve puxar para cima a inflação do setor, que representa 10% do IGP-M.

Segundo Quadros, a taxa menor observada na primeira prévia foi influenciada por menor pressão inflacionária no atacado, que representa 60% dos IGPs, e desacelerou de 0,71% para 0,23%. Isso porque as matérias-primas brutas agropecuárias atacadistas saíram de uma inflação de 1,26% em dezembro para deflação de 0,22%, no âmbito da primeira prévia do IGP-M, observou ele. "Mas agora a oferta [dos produtos agrícolas] já está se normalizando", observou ele.

Entretanto, o varejo e a construção civil não estão passando por movimentos de desaceleração de preços, alertou o especialista. No caso do varejo, o técnico comentou que até o fim do mês a inflação percebida pelo consumidor deve sofrer o impacto da bandeira vermelha na tarifa de energia elétrica - quando o consumidor paga mais por quilowatt/hora devido ao aumento do custo de se manter térmicas ligadas.

Ao mesmo tempo, o varejo também contará com os impactos de reajustes nas tarifas de ônibus urbano nas cidades de São Paulo (SP); Rio de Janeiro (RJ); Salvador (BA) e Boa Vista (RR). Além disso, janeiro é historicamente conhecido como o mês de reajustes na educação formal, de mensalidades escolares, por todo o país.

Quadros lembrou ainda que, na construção civil, embora tenha ocorrido estabilidade na variação de preços na primeira prévia do IGP-M de janeiro, isso não deve se manter por muito tempo. "Houve reajuste na mão de obra de Belo Horizonte, que ainda deve ser captado pelo indicador", acrescentou. "Creio que teremos um IGP-M [completo de janeiro] mais pressionado do que o mostrado na primeira prévia", alertou.