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Dólar fecha em queda com expectativa de estímulo monetário pelo BCE

16/01/2015 17h39

O dólar fechou em queda frente ao real diante da perspectiva da adoção de medidas de estímulo monetário pelo Banco Central Europeu (BCE), que podem incentivar o apetite por ativos de maior risco. Nesse cenário, a expectativa de continuidade do ciclo de alta da taxa Selic e de mudança da política econômica, caminhando para maior austeridade fiscal, aumentam a atratividade do Brasil em relação a outros emergentes, contribuindo para a valorização do real nas duas últimas semanas.

O dólar comercial fechou em queda de 0,72% a R$ 2,6221. Com isso, a moeda americana acumula queda de 0,59% na semana e de 1,41% no ano.

Já o contrato futuro para fevereiro recuava 0,90% para R$ 2,63.

A perspectiva de adoção de medidas de estímulo monetário pelo BCE na semana que vem e a visão de que uma alta da taxa básica de juros nos Estados Unidos não deve vir tão cedo têm estimulado o apetite por ativos de maior risco .

A moeda americana caía 0,16% em relação ao dólar australiano, 0,53% frente ao peso mexicano e 1,10% diante do peso colombiano. Mas subia 0,27% em relação ao peso chileno.

Hoje, a T-note de 10 anos arriscou romper o piso de 1,70%, e negociava há pouco em 1,81%. A queda do rendimento dos títulos soberanos de países desenvolvidos e a maior liquidez no mercado tendem a estimular a retomada das operações de "carry trade", que buscam ganhar com a arbitragem de juros, com os investidores buscando ativos com alto retorno.

Nesse ambiente, a expectativa de continuidade do ciclo de alta da taxa Selic, com o mercado esperando mais um aumento de 0,5 ponto percentual na semana que vem, e de mudança da política econômica, com a adoção de medidas em direção a um ajuste fiscal, contribuem para aumentar a atratividade do Brasil em relação a outros emergentes.

Segundo o estrategista para a América Latina do Standard Chartered Bank, Italo Lombardi, a injeção de maior liquidez nos mercados pelo BCE, pouco depois de o banco central da Suíça ter reduzido a taxa de depósito de -0,25% para -o,75%, aumenta o diferencial de juros em relação ao Brasil, que com a adoção de uma postura mais ortodoxa da política econômica, pode atrair investimentos. "Os investidores estão começando a ver uma mudança do regime econômico por parte do governo. Ainda que existam preocupações e dúvidas em relação ao cumprimento da meta de superávit primário de 1,2% do PIB para este ano, a nova equipe econômica já está fazendo diferença, ao sinaliza uma mudança da trajetória das contas públicas", afirma. Nesse cenário, o economista até vê espaço para o real se apreciar no curto prazo, com o câmbio voltando para o patamar de R$ 2,55 a R$ 2,50, mas até o fim do ano não há chance para uma apreciação maior, prevendo um câmbio de R$ 2,55 para o fim de 2015, dada a perspectiva de fraco crescimento econômico.

Lombardi pondera, no entanto, que as ações do BCE e do banco central da Suíça são insuficientes para anular o efeito do movimento da política monetária dos Estados Unidos, que continua sendo o tema principal para o movimento da taxa de câmbio.

Hoje o presidente do Federal Reserve de São Francisco, John Williams, disse que considera a possibilidade de um aumento da taxa básica de juros nos Estados Unidos ainda em meados de 2015.

Em discurso preparado para um evento em São Francisco, Williams disse que a economia americana está no caminho certo e já melhorou o bastante para que o Fed comece a elevar os juros.

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) caiu 0,4% no mês de dezembro , em linha com a previsão dos analistas. Na comparação anual, o CPI avançou 0,8% em dezembro, ainda muito abaixo da meta de inflação de 2%.

No mercado interno, o Banco Central seguiu com as atuações no câmbio e vendeu todos os 2 mil contratos de swap cambial no leilão do programa de intervenção, além de renovar mais 10 mil contratos de swap que venceriam em fevereiro.