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Dólar fecha em queda com maior otimismo após medidas fiscais e China

20/01/2015 17h34

O dólar fechou em queda frente ao real, devolvendo a alta verificada no pregão anterior, em reação às medidas de ajuste fiscal anunciadas ontem após o fechamento dos mercados e também ao dado melhor que o esperado do PIB da China. O aumento de impostos, que deve gerar uma arrecadação de 20,6 bilhões, foi bem recebido pelos investidores, sinalizando um esforço do governo em tentar recuperar a credibilidade da política fiscal e cumprir a meta do superávit primário de 1,2% do PIB para este ano.

O dólar comercial caiu 1,61%, encerrando a R$ 2,6140. Já o contrato futuro para fevereiro recuava 1,41%, cotado a R$ 2,625.

Ontem, o governo anunciou um conjunto de medidas que incluem o aumento da alíquota de PIS/Cofins sobre as importações, do IOF para crédito de curto prazo para pessoa física, do PIS, Cofins e da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis e a equiparação do setor atacadista e o industrial no Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre o setor de cosmético. "Os investidores sabem que é impossível conseguir concertar as contas públicas e recuperar o resultado fiscal só com o corte de gastos. Uma parte desse esforço terá de ser feita com o aumento de impostos", afirma Solange Srour, economista-chefe da Arx Investimentos.

O governo também tem atacado o corte de gastos, ao reformular as regras para a concessões de seguro-desemprego e de pensão por morte, além de cortar 33% das despesas não obrigatórias do governo em relação ao valor previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2015. Com isso, o bloqueio mensal de gastos do governo será de R$ 1,9 bilhão, e valerá até a aprovação do Orçamento de 2015.

Essas medidas ajudam a melhorar a confiança dos investidores estrangeiros ao afastar o risco de perda do grau de investimento do Brasil. "Se o cenário lá fora continuar favorável, com o Federal Reserve demorando para subir a taxa básica de juros e o Banco central Europeu (BCE) adotando mais medidas de estímulo, o Brasil, com uma alta taxa básica de juros e fundamentos macroeconômicos melhores, tende a atrair investimentos, principalmente para renda fixa", diz Solange.

O pacote de medidas de ajuste fiscal ajudou a reduzir o pessimismo no mercado após o corte no fornecimento de energia pelas distribuidoras do Sul e Sudeste ontem a pedido do Operador Nacional do Sistema (ONS), responsável pela gestão do abastecimento de energia no país, para "alívio da carga" do sistema. No entanto, a preocupação com novos "apagões" e com o racionamento de energia segue sendo um risco para a economia brasileira, que poderia comprimir ainda mais o fraco crescimento econômico esperado para este ano, destaca Solange.

Ontem o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, destacou que as medidas de aumento de impostos e corte de gastos visam recuperar a confiança do mercado e incentivar o aumento dos investimentos. O ministro viajou nesta terça-feira para a Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial em Davos junto com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.

Hoje o BC seguiu com as intervenções no câmbio e vendeu todos os 2 mil contratos de swap cambial ofertados no leilão do programa de intervenção, além de renovar mais 10 mil contratos que venceriam em fevereiro.

Lá fora, o dólar operava em queda frente às principais moedas emergentes atreladas a commodities após a divulgação do PIB da China, que cresceu 7,3% no quarto trimestre de 2014 em relação ao mesmo período do ano passado, acima do esperado pelo mercado que era de um avanço de 7,2%.

No entanto, o crescimento em 2014 ficou em 7,4%, abaixo dos 7,7% registrados em 2013.

A moeda americana caía 0,46% em relação ao dólar australiano, 0,50% diante do rand sul-africano e 0,57% frente ao peso colombiano.

Investidores continuam à espera da reunião do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira, que poderá anunciar novas medidas de estímulo monetário.