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Dólar acompanha mercado externo e se mantém em queda frente ao real

21/01/2015 10h30

O dólar operava em queda frente ao real pelo segundo dia consecutivo, acompanhando o movimento de desvalorização da moeda americana no exterior, enquanto os investidores aguardam o fim da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que anunciará hoje a decisão sobre o novo patamar da taxa básica de juros.

Às 10h25, o dólar comercial caía 0,38% cotado a R$ 2,6040. Já o contrato futuro para fevereiro de 2015 recuava 0,36% para R$ 2,612. A moeda americana acompanhava o movimento de queda do dólar frente às principais divisas no mercado externo. A recuperação do preço do petróleo e a notícia de injeção de liquidez do banco central da China no sistema bancário ajudavam a sustentar a demanda por ativos de maior risco, enquanto os investidores aguardam esperam o anúncio de medidas de estímulo monetário pelo Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira.

O BC da China anunciou hoje a rolagem de 269,5 bilhões de yuans em empréstimos de três meses e fez uma injeção adicional de mais 50 bilhões de yuans. O Dollar Index, que acompanha o desempenho da moeda americana frente a uma cesta com as principais divisas, recuava 0,33%.

O iene subia 1,07% frente ao dólar, após a decisão do Banco do Japão de manter o programa de compra de ativos em 80 trilhões de ienes por ano. Muitos investidores esperavam que o BoJ ampliasse o tamanho dom programa de estímulos, o que tinha pressionado para baixo a moeda japonesa recentemente.

O BoJ estendeu também um programa para estimular o crédito bancário por um ano, que tinha previsão para expirar em março e aumentou o limite de empréstimos de 7 trilhões para 10 trilhões.

No mercado local, investidores aguardam a decisão do Copom sobre o novo patamar da taxa básica de juros. Os analistas esperam que o BC prossiga com o ritmo de aperto monetária e eleve em mais 0,5 ponto percentual a taxa Selic, que está hoje em 11,75%.

O aumento da taxa de juros, em um ambiente em que muitos bancos centrais estão flexibilizando a política monetária para tentar impulsionar o crescimento, e a sinalização do governo de uma mudança da política econômica podem ajudar a aliviar a pressão sobre a taxa de câmbio, mas analistas ainda não veem uma melhora substancial do fluxo cambial.

Ontem, o dólar fechou em queda frente ao real reagindo ao anúncio de medidas de ajuste fiscal, que incluem o aumento de diversas alíquotas de imposto como crédito de curto prazo para pessoa física, sobre importação e combustíveis, que devem somar uma arrecadação de R$ 20,6 bilhões.

As medidas, juntamente com o anúncio recente de corte de gastos do governo, visam recuperar a confiança dos investidores e estimular os investimentos. "O investidor global de mercados emergentes ainda não está impressionado com as medidas anunciadas recentemente no Brasil. Por enquanto, a melhora das alocações em Brasil é marginal, uma vez que muitos investidores chegaram a tirar o país do foco diante de notícias de pior a do desempenho econômico, com a perspectiva de mais aperto monetário e fiscal em um cenário de crescimento próximo de zero, e denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, que afetaram a confiança dos investidores em relação ao país", afirma Ilan Solot, estrategista de câmbio para mercados emergentes da Brown Brothers Harriman em Londres.

Solot lembra que apesar do país ser um dos poucos mercados emergentes relevantes que está aumentando a taxa básica de juros, ao lado da Rússia, em um ambiente de flexibilização da política monetária de muitos países. Mas, apesar do retorno atrativo das operações de carry trade (que buscam ganhar com arbitragem de taxa de juros), a volatilidade do câmbio e o risco ainda alto de uma desvalorização do real, diante de um ambiente de dólar forte globalmente, limitam a atratividade dessa operação. "O investidor teme montar uma posição vendida em dólar diante da expectativa do anúncio de medidas de estímulo monetário pelo BCE que podem fortalecer ainda mais a moeda americana", afirma Solot.

Seguindo com as atuações no mercado de câmbio, o Banco Central vendeu todos os 2 mil contratos de swap cambial ofertados dentro do programa de intervenção, cuja operação somou US$ 98,3 milhões.