Programa do BCE anima investidores e dólar fecha em queda
O anúncio do programa de estímulos de 1,14 trilhão de euros pelo Banco Central Europeu (BCE) hoje promoveu o aumento da procura por ativos de maior risco e maior retorno, levando a uma queda do dólar frente as principais moedas emergentes. Nesse cenário, o Brasil, com a maior taxa de juro real do mundo e em processo de ajuste da política econômica, se mostra atrativo a esses investimentos, o que levou o real a liderar a alta frente ao dólar entre as principais moedas emergentes.
O dólar comercial caiu 1,28%, encerrando a R$ 2,5732, menor patamar desde 3 de dezembro de 2014. Já o contrato futuro para fevereiro recuava 1,09%, cotado a R$ 2,58.
O anúncio do programa de compra de papéis pelo BCE derrubou o euro, que operava em queda de 1,89% frente ao dólar, operando na mínima em 11 anos.
No mercado local, o euro operava em queda de 2,85% em relação ao real, menor patamar desde setembro de 2014. No ano, a moeda da zona do euro acumula queda de 8,97%.
O BCE informou que vai compra 60 bilhões de euros por mês a partir de março com duração de, no mínimo, 19 meses, em uma tentativa de estimular a recuperação da economia da zona do euro. O programa veio um pouco acima do esperado pelo mercado, em linha com que a autoridade monetária da zona do euro havia sinalizado, que era de uma expansão do seu balanço de cerca de 1 trilhão de euros.
O volume total não chegou a surpreender, mas o BCE afirmou que o programa durará até "pelo menos" setembro de 2016, o que alimentou expectativas de que o "QE" possa durar ainda mais tempo. Além disso, o fim do "spread" entre a taxa de juros para acessar empréstimos baratos (LTROs) e a taxa básica de financiamento da zona do euro, a possibilidade de compra de bônus da Grécia e o tom assertivo do presidente do BCE, Mario Draghi, ao falar da urgência das medidas animaram investidores.
Segundo Tony Volpon, diretor-executivo e chefe de pesquisa para mercados emergentes das Américas da Nomura Securities, a medida deve aumentar a liquidez nos mercados e estimular o apetite por ativos de maior risco no curto prazo, o que pode beneficiar as moedas emergentes.
Lá fora, o dólar operava em queda frente às principais moedas emergentes, recuando 0,30% em relação do dólar australiano, 1,01% diante do rand sul-africano, 1,10% lira turca, 1,06% frente ao peso mexicano.
Volpon, da Nomura, lembra, no entanto, que o euro não tem a mesma relevância que o dólar no sistema financeiro global e que o efeito do programa de estímulos do BCE para os mercados emergentes deve ser mais limitado que o adotado pelo Federal Reserve, que encerrou as compras de ativos em outubro de 2014. "Ao retirar os papéis do mercado, o BCE faz com que os investidores migrem para títulos que oferecem maior risco e maior retorno, como bônus corporativos de mercados emergentes", afirma.
Nesse cenário, o aperto da taxa básica de juros no Brasil e o ajuste em curso da política fiscal tornam o país atrativo para as operações de arbitragem, principalmente em um cenário em que muitos mercados emergentes estão cortando a taxa básica de juros para estimular o crescimento econômico. Na contramão desse movimento, o Banco Central elevou ontem a taxa Selic em mais 0,5 ponto percentual para 12,25% ao ano. "Com a expectativa do realinhamento da política fiscal, muitos investidores estão voltando a olhar para o Brasil e devem aumentar as suas alocações no país", afirma Volpon.
Investidores leram no comunicado que acompanhou a decisão do Copom uma maior probabilidade de que o ritmo de aumento do juro seja mantido no encontro de março. "Quando você junta esses fatores à ideia de que o mercado está dando mais confiança à postura da nova equipe econômica, você tem um cenário propício a mais entrada de capital no Brasil, o que faz mais pressão de baixa sobre o dólar", diz o operador de câmbio da Intercam Corretora Glauber Romano.
Apesar da perspectiva de maior fluxo, que pode levar a uma valorização do real no curto prazo, a tendência continua sendo de um câmbio desvalorizado no médio e longo prazos, diante do fortalecimento global da moeda americana, afirma Flavia Cattan-Naslausky, estrategista de câmbio para América Latina do Royal Bank of Scotland (RBS). "O diferencial de crescimento entre Estados Unidos e Europa e a adoção de políticas monetárias divergentes entre essas duas regiões devem implicar em uma tendência de fortalecimento do dólar frente às principais divisas. E isso, pode pressionar as moedas emergentes."
O RBS espera que o Fed inicie a normalização da taxa básica de juros a partir de setembro, o que poderia levar a uma demanda maior por dólar.
O dólar comercial caiu 1,28%, encerrando a R$ 2,5732, menor patamar desde 3 de dezembro de 2014. Já o contrato futuro para fevereiro recuava 1,09%, cotado a R$ 2,58.
O anúncio do programa de compra de papéis pelo BCE derrubou o euro, que operava em queda de 1,89% frente ao dólar, operando na mínima em 11 anos.
No mercado local, o euro operava em queda de 2,85% em relação ao real, menor patamar desde setembro de 2014. No ano, a moeda da zona do euro acumula queda de 8,97%.
O BCE informou que vai compra 60 bilhões de euros por mês a partir de março com duração de, no mínimo, 19 meses, em uma tentativa de estimular a recuperação da economia da zona do euro. O programa veio um pouco acima do esperado pelo mercado, em linha com que a autoridade monetária da zona do euro havia sinalizado, que era de uma expansão do seu balanço de cerca de 1 trilhão de euros.
O volume total não chegou a surpreender, mas o BCE afirmou que o programa durará até "pelo menos" setembro de 2016, o que alimentou expectativas de que o "QE" possa durar ainda mais tempo. Além disso, o fim do "spread" entre a taxa de juros para acessar empréstimos baratos (LTROs) e a taxa básica de financiamento da zona do euro, a possibilidade de compra de bônus da Grécia e o tom assertivo do presidente do BCE, Mario Draghi, ao falar da urgência das medidas animaram investidores.
Segundo Tony Volpon, diretor-executivo e chefe de pesquisa para mercados emergentes das Américas da Nomura Securities, a medida deve aumentar a liquidez nos mercados e estimular o apetite por ativos de maior risco no curto prazo, o que pode beneficiar as moedas emergentes.
Lá fora, o dólar operava em queda frente às principais moedas emergentes, recuando 0,30% em relação do dólar australiano, 1,01% diante do rand sul-africano, 1,10% lira turca, 1,06% frente ao peso mexicano.
Volpon, da Nomura, lembra, no entanto, que o euro não tem a mesma relevância que o dólar no sistema financeiro global e que o efeito do programa de estímulos do BCE para os mercados emergentes deve ser mais limitado que o adotado pelo Federal Reserve, que encerrou as compras de ativos em outubro de 2014. "Ao retirar os papéis do mercado, o BCE faz com que os investidores migrem para títulos que oferecem maior risco e maior retorno, como bônus corporativos de mercados emergentes", afirma.
Nesse cenário, o aperto da taxa básica de juros no Brasil e o ajuste em curso da política fiscal tornam o país atrativo para as operações de arbitragem, principalmente em um cenário em que muitos mercados emergentes estão cortando a taxa básica de juros para estimular o crescimento econômico. Na contramão desse movimento, o Banco Central elevou ontem a taxa Selic em mais 0,5 ponto percentual para 12,25% ao ano. "Com a expectativa do realinhamento da política fiscal, muitos investidores estão voltando a olhar para o Brasil e devem aumentar as suas alocações no país", afirma Volpon.
Investidores leram no comunicado que acompanhou a decisão do Copom uma maior probabilidade de que o ritmo de aumento do juro seja mantido no encontro de março. "Quando você junta esses fatores à ideia de que o mercado está dando mais confiança à postura da nova equipe econômica, você tem um cenário propício a mais entrada de capital no Brasil, o que faz mais pressão de baixa sobre o dólar", diz o operador de câmbio da Intercam Corretora Glauber Romano.
Apesar da perspectiva de maior fluxo, que pode levar a uma valorização do real no curto prazo, a tendência continua sendo de um câmbio desvalorizado no médio e longo prazos, diante do fortalecimento global da moeda americana, afirma Flavia Cattan-Naslausky, estrategista de câmbio para América Latina do Royal Bank of Scotland (RBS). "O diferencial de crescimento entre Estados Unidos e Europa e a adoção de políticas monetárias divergentes entre essas duas regiões devem implicar em uma tendência de fortalecimento do dólar frente às principais divisas. E isso, pode pressionar as moedas emergentes."
O RBS espera que o Fed inicie a normalização da taxa básica de juros a partir de setembro, o que poderia levar a uma demanda maior por dólar.
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