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País tem pior déficit em conta corrente desde 2001, diz BC

23/01/2015 11h40

O Brasil encerrou 2014 com o maior déficit em suas transações correntes com o restante do mundo em 13 anos. De acordo com o Banco Central (BC), o déficit somou US$ 90,948 bilhões ou o equivalente a 4,17% do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado é o pior desde o déficit de 4,19% visto em 2001. Quando Dilma Rousseff assumiu a presidência, o resultado negativo nas contas externas equivalia a 2,2% do PIB. Em 2013, o resultado foi deficitário em 3,62% do PIB. Em dezembro de 2014, a conta foi negativa em US$ 10,317 bilhões.

O resultado ficou acima do déficit de 3,94% projetado pelo próprio BC. Para 2015, a primeira estimava da autoridade monetária é de déficit em 3,8%, nas transações do país com o exterior relativas a comércio, serviços, rendas e transferências unilaterais.

Investimento Estrangeiro Direto

Pelo segundo ano consecutivo, o Investimento Estrangeiro Direto (IED), tido como capital de melhor qualidade, não foi suficiente para financiar integralmente o déficit. O IED somou US$ 62,495 bilhões no ano passado, ou 2,87% do PIB. O BC esperava 2,88% do PIB ou US$ 63 bilhões. Para 2015, a projeção é de que ingressem US$ 65 bilhões, ou 2,95% do PIB, montante novamente inferior ao tamanho do déficit. Em dezembro de 2014, o ingresso de IED foi de US$ 6,650 bilhões.

Decompondo o IED, os empréstimos intercompanhias responderam por ingressos líquidos de US$ 15,192 bilhão em 2014. Estes ingressos somaram US$ 22,352 bilhões no ano passado. Agora em dezembro, eles foram de US$ 252 milhões.

O investimento direto propriamente dito (participação no capital), portanto, foi de US$ 47,303 bilhões em 2014. No ano passado, o volume foi de US$ 41,644 bilhões. Em dezembro, a soma foi de US$ 6,398 bilhões.

O que ajudou a financiar o déficit foi o capital mais volátil, como os ingressos para ações e renda fixa. Os investimentos em carteira somaram US$ 33,531 bilhões no ano passado, contra US$ 34,6 bilhões em 2013.

Nas contas do balanço, a balança comercial fechou deficitária em US$ 3,930 bilhões (menos US$ 2,5 bilhões nas previsões do BC), após entrada de US$ 2,4 bilhões em 2013.

As remessas de lucros e dividendos totalizaram US$ 26,523 bilhões em 2014, vindo de US$ 26 bilhões em 2013. A previsão apontava saída de US$ 25,5 bilhões. Para 2015, o BC vê remessas de US$ 26,5 bilhões. A conta de juros resultou em saída de US$ 14,105 bilhões, contra US$ 14,2 em 2013 e US$ 14,5 bilhões previstos. Agora em 2014, o pagamento estimado é de US$ 14,2 bilhões.

Gastos de turistas

Na conta de viagens, o encarecimento do dólar não conteve o ímpeto dos brasileiros. O gasto dos turistas somou US$ 18,695 bilhões, batendo novo recorde, após os US$ 18,3 bilhões deixados no exterior em 2013. Para 2014, o BC previa conta de US$ 18,3 bilhões. Já para 2015 a estimativa é de gasto líquido de US$ 18,5 bilhões.

A conta de serviços como um todo, que além das viagens também engloba aluguel de equipamentos e transportes, fechou deficitária em US$ 48,667 bilhões, após US$ 47 bilhões em 2013. A previsão apontava saída de US$ 46,6 bilhões, que deve se elevar a US$ 51,6 bilhões agora em 2015.