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Setor de saneamento acende luz vermelha e Ibovespa cai 1,35%

23/01/2015 17h45

A Bovespa devolveu ganhos dos últimos três pregões e encerrou a semana em baixa, reagindo ao aumento da aversão ao risco dos investidores diante da possibilidade de o país adotar racionamentos de energia e água. Declarações de membros do governo divulgadas na imprensa entre ontem e hoje reforçaram a percepção de que a atividade sofrerá consequências e o crescimento do país neste ano tende a ser negativo.

"O mercado está precificando a possibilidade de racionamento de energia e de água. O risco hídrico para este ano está cada vez mais claro", afirma o estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira. "Não sei dizer quanto dessa questão (de racionamento) já foi precificada pelo mercado. Creio que apenas uma parte."

Segundo a "Folha de S.Paulo", o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse ontem que um racionamento de energia será decretado caso o nível dos reservatórios chegue ao limite chamado de "prudencial", estabelecido em 10%. "Nenhum reservatório de hidrelétrica pode funcionar com menos de 10% de água. Ele tem problemas técnicos que impedem que as turbinas funcionem. Não é no Sudeste. É em qualquer lugar", destacou o ministro.

O Ibovespa fechou em baixa de 1,35%, aos 48.775 pontos, com volume de R$ 5,606 bilhões. Com a perda de hoje, a bolsa brasileira acumulou baixa de 0,73% na semana, ampliando o recuo no mês para 2,69%.

Entre as ações do setor elétrico, CPFL ON perdeu 3,88%, seguida por Eletrobras ON (-3,70%), Cemig PN (-3,46%), e Light ON (-2,41%) e Eletrobras PNB (-2,14%). Mas as maiores perdas do dia foram lideradas por Sabesp ON (-11,64%), seguida por Vale ON (-6,34%), Vale PNA (-5,32%) e as siderúrgicas CSN ON (-6,19%) e Usiminas PNA (-1,96%).

Segundo analistas, a companhia de saneamento paulista acompanhou o tombo levado pelas ações da mineira Copasa (-14,95%), que surpreendeu o mercado ao anunciar oficialmente o risco de racionamento de água. Até então, a Copasa afirmava que os reservatórios estavam mais baixos, mas não a ponto de admitir a possibilidade de um racionamento, e que sua situação operacional estava melhor do que a de São Paulo.

Em São Paulo, além da restrição da quantidade de água destinada à agricultura, já anunciada nesta semana, o governo pediu à Sabesp que elabore estudos para um plano específico de contingenciamento de água direcionado às indústrias, informa a coluna Painel, da "Folha de S.Paulo". O objetivo é revisar contratos para fornecimento de água mantidos por grandes consumidores com a estatal. A ideia do governo é incentivar, paralelamente, a adoção de práticas de reúso de água pela indústria, mas os mecanismos não foram definidos.

Já os setores de mineração e siderurgia sofrem com relatório do Goldman Sachs, que cortou a recomendação e preço-alvo de várias empresas. O time de commodities da instituição cortou as estimativas de preço para o minério de ferro em 18% em 2015, 23% em 2016 e 25% no longo prazo. Estimativas de níquel e cobre também foram reduzidas.

Ao mesmo tempo, o banco vê maior potencial de queda para os preços internacionais do aço, o que deve continuar pressionando os múltiplos das companhias. "Nossa visão otimista com Gerdau é guiada por um valuation baixo, potencial relativamente forte para os resultados e exposição nos Estados Unidos", afirma a equipe de Diogo Miura. Além disso, o minério de ferro caiu 0,6% hoje e foi negociado a US$ 65,90 por tonelada, menor preço desde 2009.

Petrobras PN (-2,43%) e ON (-2,95%) registram perdas moderadas enquanto os investidores aguardam os resultados da reunião do conselho de administração convocada para hoje. O mercado especula sobre a mudança na composição do colegiado, que ainda conta com ministros que já deixaram o governo. Mas o principal foco de atenção ainda é o balanço do terceiro trimestre, que está agendado para a próxima terça-feira (27).

A lista de maiores altas do Ibovespa trouxe Oi PN (3,54%), Embraer ON (3,28%) e Duratex ON (2,03%). Os acionistas da Portugal Telecom SGPS aprovaram ontem, em assembleia em Lisboa, a venda dos ativos da Oi em Portugal para a francesa Altice, por 7,4 bilhões de euros. A transação deve reduzir pela metade a dívida líquida da Oi, atualmente em R$ 48 bilhões, habilitando-a a participar da consolidação do mercado brasileiro de telefonia.