IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Aeronáutica: pilotos de Campos fizeram trajeto diferente do previsto

26/01/2015 18h20

A investigação preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), mostrou que o piloto do avião que matou o ex-presidenciável Eduardo Campos (PSB), quando tentava pousar na base aérea de Santos (SP), fez uma trajetória diferente da recomendada para aquele aeroporto.

"Para pousar com segurança, teria que seguir o perfil da carta. É o procedimento", afirmou o tenente-coronel aviador Raul de Souza, responsável pela investigação. "Não é comum que o piloto não siga o procedimento", disse, sem precisar se isso seria o motivo do acidente. "Agora vamos entrar na fase de análise, que é muito complexa e não tem prazo preciso."

Segundo Souza, não há, até o momento, nenhuma informação que mostraria haver qualquer tipo de conflito entre o piloto e o copiloto que levasse a prejudicar a operação da aeronave.

Os equipamentos da aeronave se mostraram em funcionamento adequado, disse, e não havia nenhuma informação sobre as condições climáticas que restringisse as operações do aeroporto. "Até o presente momento, não temos nenhuma evidência de que a parte material [equipamento] tenha influenciado no acidente", afirmou o tenente-coronel.

A investigação apontou que o piloto e copiloto tinham uma habilitação (C560) diferente da exigida para conduzir aquele tipo de aeronave. No dia 3 de julho, um mês antes do acidente, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) publicou norma para que os pilotos tivessem uma habilitação C560+ para pilotar o Cessna C560XLS+ - o que exigia um treinamento de transição.

"Para o comandante transitar de uma aeronave para a outra, precisava de treinamento de referência. Para o copiloto transitar de uma aeronave para outra, necessitava de treinamento completo", afirmou o tenente-coronel.

O chefe da Cenipa, brigadeiro do ar Dilton José Schuck, afirmou, contudo, que "no momento em que os dois precisavam renovar a carteira, a habilitação valia para pilotar" o Cessna C560XLS+ e que não é possível dizer que a falta do treinamento de transição foi um dos motivos para o acidente. "Isso é o que estamos analisando. Temos que ver todo o treinamento deles. Pode ser que isso tenha sido fator contribuinte, pode ser que não", disse.