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Dólar cai com expectativa de maior liquidez, apesar da Grécia

26/01/2015 17h50

O dólar fechou em ligeira queda frente ao real, em dia volátil, refletindo a maior cautela dos investidores após a vitória do líder do partido de extrema esquerda da Grécia Syriza, Alexis Tsipras, como o novo primeiro-ministro. Apesar do temor em relação à continuidade do país na zona do euro, a expectativa de maior liquidez nos mercados com o programa de estímulos monetários do Banco Central Europeu (BCE) impediu a alta da moeda americana.

O dólar comercial fechou em queda de 0,03% a R$ 2,5890. Já o contrato futuro para fevereiro avançava 0,35% para R$ 2,595.

A reação dos mercado à vitória do partido de extrema esquerda na Grécia foi bastante moderada. O dólar chegou subir frente às principais divisas emergentes pela manhã, alcançando o patamar de R$ 2,6088 na máxima do dia no mercado local, mas perdeu força ao longo do dia, com o Dollar Index recuando 0,25%.

Ainda é muito cedo para saber qual será o destino da Grécia com o novo governo e a continuidade do país na zona do euro. Mas o discurso antiausteridade do partido do novo primeiro-ministro aumenta a preocupação em relação ao acordo com a troica - grupo formado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia e Banco Central Europeu (BCE) - para garantir o pagamento das próximas parcelas do programa de resgate. O temor dos investidores é que a mudança de governo na Grécia fortaleça outros partidos de esquerda na Europa, e coloque em risco o plano de ajuste fiscal na zona do euro. "A reação do mercado à eleição na Grécia foi bastante branda e a perspectiva em relação à divergência das políticas monetárias adotadas pelo BCE e pelo Federal reserve [Fed] continua a dominar atenção dos investidores", afirma Italo Lombardi, economista para a América Latina do Standard Chartered Bank. Para Lombardi, enquanto o BCE continuar dando suporte à liquidez global e o Fed seguir com um discurso "dovish", de processo gradual da normalização da política monetária nos Estados Unidos, o real pode se beneficiar desse cenário.

A perspectiva de manutenção da liquidez global após o programa de estímulos monetários do BCE e a perspectiva de maior rigor da política fiscal ajudam a reduzir a pressão sobre o câmbio no mercado local.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deixou claro no discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, a mudança da política econômica, que passará a ser mais focada no estímulo ao investimento, ajuste das contas públicas, realinhamento de preços e reformas que preparem o país para retomada do crescimento.

O anúncio de uma série de medidas de corte de gasto e aumento de imposto para garantir o cumprimento da meta de superávit primário estabelecida para este ano, de 1,2% do PIB, reforça a visão de autonomia da atual equipe econômica para promover os ajustes necessários, algo que, até então, era questionado pelo mercado. Segundo apurou a jornalista Claudia Safatle do Valor, a presidente pretende deixar isso claro na reunião ministerial que será realizada amanhã.

Segundo Lombardi, do Standard Bank, apesar do ajuste positivo da política econômica, investidores estrangeiros ainda olham com cautela para o Brasil, aguardando um dado concreto. "Há uma percepção de que o arcabouço da política econômica melhorou, mas ainda há preocupação com a trajetória da economia brasileira e com o fato de que essas medidas de ajuste podem agravar o já fraco crescimento da economia", afirma.

O Banco Central seguiu hoje com as atuações no câmbio e vendeu mais 2 mil contratos de swap cambial dentro do programa de intervenção, além de renovar mais 10 mil contratos que venceriam em fevereiro.