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Bovespa fecha estável em dia tenso com balanço de Petrobras e exterior

27/01/2015 17h55

A bolsa brasileira teve um pregão de intensa volatilidade nesta terça-feira, com investidores preocupados com indicadores da economia internacional, enquanto aguardam ansiosos pela divulgação do balanço do terceiro trimestre da Petrobras, previsto para logo mais. A reunião do conselho de administração, iniciada às 10h, ainda não havia acabado por volta das 16h30. Também não havia confirmação se o balanço não auditado sairá mesmo hoje.

As ações da estatal foram responsáveis pela virada do Ibovespa para terreno positivo após as 15h. Depois de caírem mais de 3% pela manhã, os papéis chegaram a bater os 4% de alta no meio da tarde, a poucas horas da divulgação do resultado. Segundo operadores, não houve notícias concretas sobre o balanço ou a companhia, mas "boatos para todos os gostos".

Mais uma vez, o nome do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles foi citado como possível escolhido do governo para presidir a estatal. Há expectativa de que a Petrobras lance até US$ 20 bilhões (mais de R$ 50 bilhões) em perdas e baixas contábeis no balanço, como decorrência das investigações de corrupção da Operação Lava-Jato, superfaturamento e atraso nas obras de refinarias.

"Há um forte cheiro de ?insider' no ar", comentou um especialista, referindo ao comportamento incomum das ações, o que denota o vazamento de informação privilegiada. Outro operador acredita que o movimento intenso sobre as ações foi provocado por "chapa branca", quando fundos de pensão ligados ao governo entram no mercado por meio de uma ou várias corretoras para comprar grandes lotes de ações e puxar o preço para cima.

No exterior, as cotações do petróleo também aceleraram a alta à tarde, o que reforçou o movimento das ações da estatal aqui. Por volta das 17h (de Brasília), o barril do Brent subia 2,20%, para US$ 49,22, enquanto o WTI tinha alta de 1,62%, a US$ 45,88.

O Ibovespa fechou em alta de 0,03%, aos 48.591 pontos, com volume de R$ 5,707 bilhões. Petrobras PN terminou com ganho de 2,62%, a R$ 10,17, depois de oscilar entre a mínima de R$ 9,53 (-3,83%) e a máxima de R$ 10,37 (4,64%%). A ação ON subiu 1,04%, a R$ 9,64. Entre as outras ações de peso no índice, Itaú PN recuou 0,37%, Bradesco PN subiu 0,16%, Ambev ON teve queda de 0,41% e Vale PNA perdeu 2,80%.

Vale voltou a sofrer com o minério de ferro, que caiu novamente, para US$ 62,80 por tonelada no mercado à vista da China. Com desvalorização de 0,8% hoje, após uma queda de 3,9% ontem, a commodity está no menor patamar desde 8 de maio de 2009 (US$ 60,60 por tonelada).

Em Nova York, o clima esteve gelado após intensa nevasca e tenso nas bolsas de Wall Street devido à queda inesperada de 3,4% nas encomendas de bens duráveis nos EUA em dezembro, o que aumentou temores de que a retomada da economia do país esteja perdendo fôlego. Ao mesmo tempo, os balanços e projeções de Caterpillar, Microsoft, DuPont e Procter & Gamble foram mal recebidos, com as companhias citando o dólar forte como um elemento de pressão. Por volta de 17h30, as ações da fabricante do sistema operacional Windows derretiam 8,6%, o Dow Jones perdia 1,09%, o Nasdaq caía 1,12% e o S&P 500 recuava 0,74%.

A lista de maiores altas do Ibovespa trouxe JBS ON (4,41%), Sabesp ON (3,92%) e Cesp PNB (3,60%). Pela primeira vez desde o início da maior crise de abastecimento da Grande São Paulo, a Sabesp apresentou nesta terça-feira um plano de rodízio para a região metropolitana, de cinco dias sem água por semana. A declaração foi feita durante a inauguração de uma obra no Alto Tietê, em que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve presente.

Na ponta negativa do mercado ficaram Oi PN (-8,95%), PDG Realty ON (-7,69%) e Hering ON (-6,66%). O Goldman Sachs cortou o preço-alvo de Hering de R$ 24,30 para R$ 22, com recomendação neutra. Em relatório assinado pelos analistas Irma Sgarz, Bernardo Cavalcanti e Alencar Costa, o banco aponta que a alteração para o preço-alvo da ação da Hering foi provocada pelos números operacionais do quarto trimestre de 2014. "A Hering apresentou mais um desempenho desapontador de vendas", escrevem os analistas.

Conforme prévia de desempenho de vendas divulgado ontem, a varejista têxtil teve aumento de 0,5% na receita bruta total, que somou R$ 612 milhões. Mas no critério mesmas lojas, que considera apenas lojas abertas há mais de 12 meses, a venda cedeu 3,8%, "reflexo direto da queda de atendimentos ao longo do trimestre", informou a Hering.